domingo, 23 de janeiro de 2011

Abaixo a babaquice



“Deixe-me correr o risco de parecer ridículo, mas o revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor”, Che.


Cansei de ser cúmplice. Nos tempos atuais, a ditadura do moralismo, do politicamente correto e da sacralização cultural tem me dado náuseas. Tudo isso é estático. Não muda. Felizes aqueles que possuem alma e pensamento livres, porque não é necessário pedir desculpas aos babacas embusteiros que pregam uma moral que realmente não a possuem.
A moral “ilibada” de alguns políticos chega ser cômica. Vejam o premier italiano. Parece que se acha um nobre palaciano cercado de cortesãs. Nada contra elas, muito pelo contrário, mas estudar, fazer faculdade para ser puta voltou a ser moda no mundo civilizado. A maioria dessas “moças” é de família abastada. Como acontecia no século XVIII. Não pensem que essas são coisas tipicamente européias. Em terras tupiniquins também há gabinetes abarrotados currículos aprovados no teste do sofá.
O que dizer então das campanhas saudáveis. Deus me livre. É uma comédia. Tive que abandonar o cigarro porque não é politicamente correto. Se vou numa boate tenho que ficar espremido para saciar o vício na ala dos fumantes. Isso é constrangedor. Além do filme, corro o risco de ser queimado literalmente por outro fumante excluído do convívio social que a pista de dança proporciona.
Mas a coisa é mais ridícula do que se imagina. Já notaram os garotos propaganda da saúde brasileira? Drauzio Varela e José Serra. Ser saudável é ficar como essas caras? Prefiro voltar a fumar. Como diria Lobão, “eles realmente estão exalando vida”.
Agora, pior que tudo isso é o que está acontecendo com nossa cultura. Essa está doente de verdade e nem precisou de nicotina e outras inúmeras substâncias contidas no fumo para ferrar de vez com a cuca dos que apreciam uma boa música, literatura ou cinema.
Porra! A música brejeira tomou conta do país. É uma merda. Eu gostaria sinceramente de fazer um pacto com Deus. Se Ele me devolvesse Raul Seixas eu O entregaria, de mão beijada, Luan Santana, Michel Teló, Restart, NXZero, Fresno e todos os representantes do Axé atual. Seria um ótimo negócio.
A literatura também vai muito mal, obrigado! Não só a nacional, mas o mundo literário está mais voltado para a fantasia sobrenatural do que para literatura, propriamente dita. Paulo Coelho é da Academia Brasileira de Letras. E como é um mago, dificilmente vai deixar sua cadeira vaga, pois, de acordo com o folclore, os bruxos vivem centenas de anos. Isso sem falar nos vampiros e Harry Potter’s que são fenômeno de vendas.
O novo cinema brasileiro passou por mudanças. Mas prefiro muito mais o Zé do Caixão, do que Tropa de Elite ou filmes que retratam as favelas, o que virou moda. É tudo a mesma coisa.
Já notaram que no Brasil não há escritores de ficção científica? Agora de esoterismo e religião tem aos montes. Também fomos colonizados por um bando de idiotas. Assim como não há o vislumbre da previsão científica brasileira, em Portugal não há filósofos. Essa é nossa herança. Mente vazia e, consequentemente, oficina do diabo.
Falar mal disso é um sacrilégio. Pode até se enquadrar como oitavo pecado capital na mente dos seguidores dessa cultura de merda de que estamos retratando. Falar mal de disso é o mesmo que dizer que a Bossa Nova é chula e que o Tropicalismo foi a manifestação cultural mais obscena que já existiu no país. Provavelmente levarei um cascudo de algum intelectualóide, mas prefiro apanhar do que me submeter a isso. E fim de papo.