quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sem mais palavras...




“As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo”, Epicuro.


por Roney Moraes*

            Há 73 anos, em 29 de junho de 1939, Newton Braga publicou na revista Cachoeiro de Itapemirim o poema que reuniu o espírito cachoeirense sobre o amor e bairrismo à cidade. Inicio meu texto com a ousadia de citar um trecho de ‘Haverá outras assim...’,“(...)Bonita? Não. Talvez mesmo feia; pesa-me confessa-lo. Há morro, para todo o lado que se olhe: assim o horizonte é curto (embora certos crepúsculos bem merecem um olhar embevecido). Entre os morros, fazendo curvas, vem um rio que tem personalidade. Tem. Por quê? Não saberia explicar. É dessas coisas que a gente sente e não acha jeito de explicar bem”.
            A Festa de Cachoeiro causa isso nas pessoas. Mesmo com as não nascidas na cidade. Algumas são agraciadas com o título de cidadã cachoeirense. Acredito que a maioria dos “imigrantes” gostaria de uma honraria desse calibre, afinal, não é qualquer um que é de Cachoeiro.
            Ser ou estar nesta cidade é para quem tem personalidade como à do Rio Itapemirim. Salvem aqueles que a escolheram para viver. Isso é muito natural. Afinal, não há explicação para tanta gente bonita, amiga e trabalhadora como a nossa. Viver Cachoeiro não significa morar na cidade e para isso existe o exemplo do Cachoeirense Ausente, que vive, respira e divulga as peculiaridades do município em outros ares. Vide Sergio Garschagen, o ausente de 2012, mais presente que conheço.
            Como diz um amigo (Joaquim Neiva) “sem mais palavras” é o título que escolhi para este texto por Cachoeiro emudecer-me de tanta alegria. Tive um ano difícil... 2011 não foi uma maravilha. Alguns chamariam de impossível passar por meses de tratamento. Poucos não acreditaram, mas, no meio do caminho encontrei pessoas que dão a vida pelo que fazem e, por isso, não perdi a oportunidade de me tornar amigo delas (todas da Casa Reviver em Mimoso do Sul).  
            Os muitos amigos que tenho aqui na “Atenas Capixaba” me abraçaram quando voltei com a satisfação de quem vê um irmão retornando de longe. Então me senti um pouco ausente, e, agora, presente tenho uma dívida pessoal e moral com meus amigos e com a sociedade, e sempre com a minha cidade.
            Bastou voltar para o vale dos morros que encontrei meu horizonte. Confesso, não é fácil, mas, de pé, ergo-me com a personalidade do Rio Itapemirim e sigo em frente a cada dia... “Conhecendo novas manhas e as manhãs...” .
            Por tudo isso. Por Deus, pela minha família, pela homenagem recebida na Sessão Solene da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim. Pela Academia Cachoeirense de Letras (ACL) e por todos os amigos que esperaram minha volta e pelos novos que fiz durante a caminhada da sobriedade, desta vez, não vou me conter: muito obrigado! E... Sem mais palavras. Por enquanto. 

* Psicanalista, jornalista e professor.