“As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o
presente e encaram o futuro sem medo”, Epicuro.
por Roney Moraes*
Há 73 anos,
em 29 de junho de 1939, Newton Braga publicou na revista Cachoeiro de
Itapemirim o poema que reuniu o espírito cachoeirense sobre o amor e bairrismo
à cidade. Inicio meu texto com a ousadia de citar um trecho de ‘Haverá outras
assim...’,“(...)Bonita? Não. Talvez mesmo
feia; pesa-me confessa-lo. Há morro, para todo o lado que se olhe: assim o
horizonte é curto (embora certos crepúsculos bem merecem um olhar embevecido).
Entre os morros, fazendo curvas, vem um rio que tem personalidade. Tem. Por
quê? Não saberia explicar. É dessas coisas que a gente sente e não acha jeito
de explicar bem”.
A Festa de
Cachoeiro causa isso nas pessoas. Mesmo com as não nascidas na cidade. Algumas
são agraciadas com o título de cidadã cachoeirense. Acredito que a maioria dos
“imigrantes” gostaria de uma honraria desse calibre, afinal, não é qualquer um
que é de Cachoeiro.
Ser ou
estar nesta cidade é para quem tem personalidade como à do Rio Itapemirim.
Salvem aqueles que a escolheram para viver. Isso é muito natural. Afinal, não
há explicação para tanta gente bonita, amiga e trabalhadora como a nossa. Viver
Cachoeiro não significa morar na cidade e para isso existe o exemplo do
Cachoeirense Ausente, que vive, respira e divulga as peculiaridades do
município em outros ares. Vide Sergio Garschagen, o ausente de 2012, mais
presente que conheço.
Como diz um
amigo (Joaquim Neiva) “sem mais palavras” é o título que escolhi para este
texto por Cachoeiro emudecer-me de tanta alegria. Tive um ano difícil... 2011
não foi uma maravilha. Alguns chamariam de impossível passar por meses de
tratamento. Poucos não acreditaram, mas, no meio do caminho encontrei pessoas
que dão a vida pelo que fazem e, por isso, não perdi a oportunidade de me
tornar amigo delas (todas da Casa Reviver em Mimoso do Sul).
Os muitos
amigos que tenho aqui na “Atenas Capixaba” me abraçaram quando voltei com a
satisfação de quem vê um irmão retornando de longe. Então me senti um pouco
ausente, e, agora, presente tenho uma dívida pessoal e moral com meus amigos e
com a sociedade, e sempre com a minha cidade.
Bastou
voltar para o vale dos morros que encontrei meu horizonte. Confesso, não é
fácil, mas, de pé, ergo-me com a personalidade do Rio Itapemirim e sigo em
frente a cada dia... “Conhecendo novas
manhas e as manhãs...” .
Por tudo
isso. Por Deus, pela minha família, pela homenagem recebida na Sessão Solene da
Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim. Pela Academia Cachoeirense de
Letras (ACL) e por todos os amigos que esperaram minha volta e pelos novos que
fiz durante a caminhada da sobriedade, desta vez, não vou me conter: muito
obrigado! E... Sem mais palavras. Por enquanto.
* Psicanalista,
jornalista e professor.