por Victor Coelho
Fui, a pedido do meu irmão Glauber, representá-lo em uma
homenagem da Assembleia Legislativa à Academia, já que pela lei eleitoral (pelo
que foi dito) não permite nenhuma manifestação de cunho político. Acho até
prudente para manter a neutralidade da própria instituição. Só estranhei a
presença de toda a comitiva do PT lá, mas...
Enfim... Cada um age e pensa como quer. Estava mais
preocupado com o meu possível discurso ao prestar a homenagem. Fiquei
escondidinho lá no fundo pensando em uma
estratégia, mas não vinha nada na cabeça.
Por mais artista de teatro que eu seja, tinha certeza que
minhas pernas iriam tremer diante de uma plateia tão intelectual. A começar pela
composição da mesa: Sr. Athayr Cagnin, Dr. Solimar Soares, Isaura Theodoro,
Moema Batista... Na platéia, vários rostos conhecidos: Célia Ferreira, Marilene
Depes, Regina e Alcélio Monteiro, José Paineiras, Arnoldo Silva, Dra. Marília
Mignone, Elyan Peçanha e, nada mais nada menos, Raul Sampaio.
Quem chegou para me salvar foi Estelemar Martins. Pedi ao
amigo que caridosamente entregasse a homenagem da Assembléia por mim e
justificasse a ausência do Glauber. Graças a Deus ele atendeu prontamente o meu
pedido.
Resolvi ficar mais um pouco para prestigiar dois amigos e
novos imortais Valquíria Volpato e Roney Moraes.
Gostei muito dos discursos dos dois, mas achei
interessante uma coisa no protocolo da solenidade: os novos membros fazem seus
discursos homenageando seus antecessores.
Foi aí que nasceu meu provável discurso! Se eu não tivesse 'fugido' da responsabilidade, teria
discursado assim: "Boa noite senhoras e senhores. Estou muito feliz de
estar aqui nesta solenidade representando o meu irmão, deputado estadual
Glauber Coelho, parabenizando a Academia Cachoeirense de Letras pelos seus 50 anos de
existência e contribuição cultural para o município. Sinto-me honrado em
entregar esta homenagem da Assembleia
Legislativa aos confrades e confreiras aqui presentes.
Eu também não sou bom no discurso. Acho que esse dom
ficou todo com o Glauber.
Eu fiquei quietinho, lá no fundo do salão, aflito,
pensando o que eu falaria aqui nesse momento. Aí eu raciocinei da seguinte
forma: se eu não estivesse ali representando o Glauber, estaria prestigiando
meus amigos (e meus fãs de teatro) Valquíria e Roney.
Achei muito interessante o protocolo dos novos membros
contarem resumidamente a história de vida de seus antecessores. Porém o mais
interessante seria se cada um de nós aqui pudesse ouvir alguém contando nossa
própria história.
Imagina: Valquíria Volpato, cronista de diversos jornais,
escritora de dezenas de livros, advogada, ex-presidente do Instituto Newton
Braga, ex-vereadora (quem sabe!!!)....
Roney Moraes, jornalista, psicanalista, teólogo,
escritor, assim como Nelson Rodrigues torcedor do Fluminense, ex-secretário
estadual de comunicação do governador Glauber Coelho (deixa eu sonhar!!!).....
Minha palavra para meus dois amigos é essa: vocês já
estão escrevendo suas próprias histórias, e com certeza já estão gravados na
história de Cachoeiro. Só que ainda tem muita folha em branco no caderninho das
suas vidas. Continuem escrevendo suas histórias e se sintam orgulhosos daquilo
que um dia seus sucessores contarão sobre vocês.
Raul Sampaio retratou muito bem ao compor "meu
pequeno Cachoeiro". Pequeno por aproximar as pessoas, pelas pequenas
coincidências que nos levam a uma reflexão. Valquíria nasceu em 29 de dezembro,
aniversário da minha mãe. Herdou a cadeira de Nelson Sylvan, que assim como eu
foi ator de teatro. Roney herdou a cadeira de um ex-psicanalista como ele, que
faleceu no ano que ele nasceu.
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Fiquei imaginando agora como seria alguém contando minha
história.
Será que eu seria considerado um grande ator? Ou um
empresário bem sucedido? Cachoeirense ausente? Imortal da Academia? Ou apenas
conhecido como o irmão do
Glauber Coelho?