domingo, 25 de novembro de 2012

Depressão tem cura




"A própria inquietude humana quer nos dizer algo, precisa ser falado para ser compreendido", Paulo Cesar.

A depressão é uma tristeza profunda, que não acaba mais. Enquanto vemos nos noticiários pessoas que cometem suicídio a tendência é imaginarmos mais uma estatística. Quando acontece a tragédia dentro de casa ou com pessoas próximas nos perguntamos o motivo pelo qual a pessoa seria capaz de tirar a sua vida.

Ontem a população do sul do Espírito Santo ficou chocada com o suicídio do jovem Leandro Pereira, agente penitenciário, formado em Direito. Por volta das 14h00, em Marataízes, na Cidade Nova, ele tirou sua vida com um tiro na cabeça, na residência do pai, coronel reformado Paulo César Pereira, ex-comandante d Batalhão da Polícia Militar de Cachoeiro de Itapemirim-ES e ex-secretário de Segurança do Município Cachoeirense.

Conforme amigos mais próximos, Leandro andava um pouco deprimido.

O suicídio é visto por alguns como um ato de covardia, mas por outros como um ato de coragem da pessoa que abriu mão da própria vida e de seus anseios. No entanto, esse “ato de coragem” foi cometido porque estava mergulhada num sentimento de desesperança e pessimismo que a impedia de encontrar uma saída.

Para a especialista Alexandrina Meleiro, existem fatores de risco e de proteção. São fatores de proteção, por exemplo, ter religião, participar de grupos sociais e esportivos, ter amigos, filhos, ser casado. Já entre os fatores de risco destacam-se: ser homem, ter uma doença mental ou física e não contar com suporte social-familiar.

Quem sofre de depressão nem percebem que estão doentes. De cada dez pessoas que procuram ajuda clínica, pelo menos uma preenche os requisitos para o diagnóstico de depressão. Por isso a importância de consulta frequente e acompanhamento psicoterapêutico.

Ser homem é um fator de risco porque a capacidade de identificar os sintomas da depressão depende do sexo do paciente. De acordo com um estudo da Universidade de Westminster, no Reino Unido, as pessoas associam os sinais da doença mais facilmente em mulheres.

Mesmo assim, o "ato" de tirar a própria vida não é exclusivo dos homens. Em setembro deste ano, a empresária Denise de Moraes Marchine, de 50 anos, se jogou do quarto andar do edifício onde morava, localizado na rua Vinte Cinco de Março, Centro, Cachoeiro de Itapemirim.

A depressão evolui continuamente para quadros que variam de intensidade e duração. Nos casos mais simples, a pessoa pode curar-se por conta própria em duas a quatro semanas. Passado esse período sem haver melhora, os especialistas recomendam atenção e tratamento, porque a depressão prolongada pode levar a suicídio e mortes por causas naturais.

Podemos chamar a depressão de doença do séc. XXI, assim como a histeria predominava no séc. XVIII XIX na época de Freud. Uma das expressões da fragilidade humana, principalmente nesse mundo contemporâneo onde os valores individuais, familiares e sociais estão de “de pernas pro ar”.

A depressão tem cura. Importante salientar que a palavra cura vem de cuidar. "A própria inquietude humana quer nos dizer algo, precisa ser falado para ser compreendido. A psicoterapia é uma das formas que a depressão pode ser melhor compreendida, curada, elaborada e transformada", diz o psicoterapeuta Paulo Cesar.

Além de terapia, em alguns casos, necessário também tratamento medicamentoso. Por isso o tratamento, em caso grave, deve ser amplo e com encaminhamentos entre profissionais psi. O psiquiatra com o psicólogo clínico ou psicanalista poderá favorecer uma melhor compreensão quadro.