terça-feira, 26 de março de 2013

Num piscar de olhos




“Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade”, Sócrates.

por Roney Moraes*

Há 10 anos, um grupo de jornalistas (todos com vinte e poucos anos), capitaneados por Wagner Santos, resolveu dar um salto talvez, para muitos, maior do que as oito pernas que incluindo as minhas, de Darcy Anderson e Marcos Leão não vislumbrassem o impulso que seria o marco inicial para que o hoje renomado jornal Espírito Santo de Fato alcançasse a estabilidade e credibilidade perante a sociedade capixaba.

Desde 14 de março de 2003 até hoje, o jornal passou por várias transformações, mas sempre mantendo a linha séria e objetiva de seu diretor/editor. Como colaborador e filho pródigo, retorno às páginas de Fato no mês em que “nosso” jornal completa uma década ininterrupta de existência, sem esquecer, é claro, da Lílian Argeu Santos que cabe a ela o papel dificílimo o da administração e de ser esposa do diretor (mas isso não vem ao caso) e a Wagner Gomes, o Waguim, funcionário mais antigo da casa.

Disse nosso jornal porque o Fato não é do Wagner, nem da Lílian, muito menos de quem quer que seja. É a voz do povo. Foi da necessidade de se fazer um jornalismo sério e comprometido com a ética que o Fato nasceu.

O início não foi fácil e acredito que até hoje não seja. Não sou de meias palavras, mas se fosse descrever em uma o que é o jornal diria: honestidade. Isso é uma coisa que não se compra. Outra palavra que caracteriza o Fato é o caráter explícito nas pessoas que trabalham diretamente e indiretamente no periódico. Contar um pouco da história onde participei de um veículo de comunicação que passou uma década aplicando, na prática, um jornalismo sério, independente e, ao mesmo tempo, leve e instigante com os inúmeros colunistas, cronistas e articulistas de renome municipal, estadual e até nacional é uma honra.

Este é o Fato de hoje que num piscar de olhos se tornou gigante (nada alusivo ao tamanho do dono, mas com o caráter dele). Pego emprestado o título da belíssima obra do nosso Cachoeirense Ausente, Sergio Garschagen, “Parece que foi ontem”. No início, para registro dos curiosos, começamos com a estratégia de circulação semanal em municípios do sul. Cachoeiro de Itapemirim (maior cidade da região, para quem ainda não sabe) não seria um mercado interessante, pois, na época, havia dois diários circulando na cidade.

Lembro que bem lá nos primórdios da equipe reunida tivemos um embate com um jornal local de Venda Nova do Imigrante. A cidade estava vivenciando processo eleitoral importante e tanto o “nosso” quanto o outro eram os principais arautos causadores de expectativas nas bancas e pontos de distribuição. Pois bem, nós cobrimos e Wagner, como sempre, teve a felicidade e inteligência de discutir o assunto com a população, por meio do jornal, enquanto o outro preferiu dar cobertura e manchete de capa a um desconhecido “famoso” que utilizara a cidade para sobrevoar com seu parapente. Virou até piada.

No fim das contas conquistamos, naquela jogada, a credibilidade e respeito local como principal veículo informador e formador de opinião. De lá para cá. Cachoeiro de Itapemirim começou a perceber a força que o jornal, iniciado com circulação nas redondezas, estava prestes a invadir a “praia” dos dois concorrentes diários. Wagner e Lílian, pouco tempo depois, transformaram o semanal em diário de Fato e até hoje em dia esperamos em nossas casas ou nas bancas o que está realmente acontecendo no Espírito Santo de Fato porque, como já disse, credibilidade não se compra. Conquista. Parabéns a todos, e me incluo nessa, pelos 10 anos e que venham mais 20, 30...!

*Membro da Academia Cachoeirense de Letras (ACL)