sábado, 10 de agosto de 2013

Se for comprar, não comente



“Que insensato eu fui! Como me esforcei para forçar todas as coisas a harmonizarem-se com o que eu pensava que devia ser...”, Carl Jung.

Dizem os especialistas que a propaganda é a alma do negócio. Depende! Se a coisa é divulgada demais a oferta tende a não suprir a procura. Foi o que aconteceu com o livro “O homem e seus símbolos”, de C. G. Jung, que estava disponível nas bancas de Cachoeiro, com preço acessível, para deleite dos estudiosos e leitores simpatizantes da psicanálise.

Pois bem, como analista, a obra seria uma ótima ferramenta de pesquisa e compreensão da clínica de psicologia profunda, conforme o próprio Jung nomeou seu estilo psicanalítico. Mas, a sugestão do amigo Higner Mansur despertou-me o interesse dobrado pela obra e, por impulso, acabei promovendo e divulgando o dito cujo nas redes sociais antes de adquiri-lo. Resultado: foi um tiro no pé.

Planejei tudo nos mínimos detalhes. Não haveria falha em sua execução. O depósito do pagamento de textos que fiz para uma agência havia entrado na conta, sem falar na revisão de um periódico do litoral. Pois bem, dava para pagar algumas dívidas, ir ao supermercado e, por fim, na banca de jornal, onde o livro estava à venda.

O negócio daria certo se não seguisse o axioma do italiano Giuseppe Peano. Neste caso, a ordem dos fatores alterou o resultado.  Se fosse à banca em primeiro lugar com certeza encontraria o livro de Jung, mas fiz o que não deveria... Subestimei a alma da propaganda e o mérito do propagandista.

Após resolver todos os pormenores fui procurar o livro. Era tarde. Nem em sonho encontrei os símbolos de Jung. Rodei todas as bancas do centro de Cachoeiro, mais a da rodoviária e a do Mercado da Pedra. Nada! Ainda fui como último recurso à Agência Santana, às 17h. Estava fechada. Vou tentar novamente na segunda. O tiro saiu pela culatra... A propaganda do Mansur acabou com o estoque.

Aprendi quatro coisas com o episódio. Primeiro: livro é prioridade. Segundo: a gente deve adquirir o objeto antes de fazer qualquer tipo de apologia. Terceiro: deveria ouvir mais a canção “Não Leve Flores”, do Belchior, que diz “não cante vitória muito cedo, não...” e, em quarto lugar, quando lançar meu livro sobre teoria psicanalítica, vou pedir ao Dr. Higner para fazer a propaganda. Vai ser um sucesso.

Nota (com final feliz):
Até que terminou bem a saga “em busca do livro de Jung”. Não é que Maria Elvira Tavares Costa tinha, justamente, o exemplar de “O homem e seus símbolos”? Por isso, Mansur deixou o livro – com dedicatória do casal – no Café Mourad’s. Grande abraço aos dois pela lembrança.