“Um homem precisa viajar para lugares que não conhece. Para
quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos e não como
simplesmente é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não
vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver ", Amyr Klink -
Mar sem fim.
Por os pés na estrada é, sem dúvida, um desafio prazeroso. Deixar
o conforto e confrontar o desconhecido nos faz desbravadores não somente de
lugares, cidades, estados ou países, mas de nós mesmos. Crescemos com as novidades.
O melhor da viagem é o encontro. Talvez, antes, pensássemos
que em algum ambiente “estranho” ao nosso mundo fossemos conhecer pessoas
novas. As conhecemos, porém estão mais próximas do que imaginamos.
Viajar em grupo, por exemplo, é uma forma de socializar os
custos e também rever e fazer novas amizades. Esta palavrinha tem um
significado especial em “tempos de cólera”. A amizade retorna a ser
fundamental. Conforme o momento, os afetos tendem a ser mais intensos quando
necessitamos estar presentes em companhia do outro.
Talvez, a princípio, a intenção seja egoísta e solitária,
mas observamos que a viagem nos transforma e permite o passo em direção à
convivência das diferenças. Viajamos conscientemente para conhecer novos
lugares e inconscientemente para encontrarmos quem nos é semelhante e diferente.
Sozinhos, viajamos o tempo todo. Com nossos pensamentos, entrando
em conversas alheias sem saber do que se trata (na maionese, como dizemos por
aí) e nos sonhos. Aquele que cai no sono e mergulha no mundo dos sonhos dá
início a uma viagem dentro de si.
"A Psicanálise propõe mostrar que o Eu não somente não
é senhor na sua própria casa, mas também está reduzido a contentar-se com
informações raras e fragmentadas daquilo que se passa fora da consciência, no
restante da vida psíquica...”, Freud.
Pelo impulso (id) colocamos o pé na
estrada. Tentamos controlar os gastos e economizar para o retorno (superego) e
voltamos preenchidos de sonhos, conhecimento e amigos, conscientes (ego) de que
superamos o medo do novo e aproveitamos os sabores e as delícias da novidade. Como na vida psíquica sabemos os riscos, desafios e os prazeres de uma boa viagem.