sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Tolerância zero



“O álcool não tem perna, mas dá rasteira em muita gente”.

O caso do adolescente que veio a óbito no réveillon, após ingerir bebida alcoólica no litoral sul capixaba, não é tão complexo quanto parece. A fatalidade é um alerta trágico para quem não está acostumado com quantidades exageradas de substâncias psicoativas, neste caso, a bebida.

É cultual sair com os amigos para beber, mas, em se tratando de droga, todo cuidado é pouco.

A tolerância ao álcool ocorre no consumo prolongado. As pessoas que bebem regularmente resistem mais aos seus efeitos e precisam beber mais para ter a mesma sensação. Neste caso, o sujeito desenvolveu uma tolerância. Ao beber mais álcool do que seu corpo consegue metabolizar, o indivíduo não está livre das consequências. Ele corre o risco de morrer por parada respiratória ou acabar perdendo a consciência e se afogar no próprio vômito.

Para um homem adulto com peso de 70 quilos, são necessários apenas 720 ml de bebida destilada ingeridas em aproximadamente uma hora para causar a morte.

“A quantidade de comida no estômago, a proporção de gordura corporal e a sensibilidade genética ao álcool são fatores que podem determinar a sorte do beberrão. Seja como for, os cientistas advertem: metade das pessoas não consegue resistir a toda essa bebida se ingerida num curto espaço de tempo”, comenta Eduardo Szklarz, no texto provocativo: ‘Bebidas alcoólicas não matam por overdose’.

O fígado consegue processar apenas uma dose de álcool por hora (o equivalente a uma lata de cerveja). Acima disto, o etanol continua circulando no sangue e intoxicando o corpo.
O alerta vale para todos. Não abuse de substâncias que alterem o funcionamento do corpo. Os prejuízos podem ser irreparáveis. Quando não há uma fatalidade pode-se, em alguns casos, a pessoa adoecer sucumbindo à dependência química.

Entretanto, tolerância e dependência ao álcool são dois processos diferentes, mas que caminham juntos. A tolerância é a necessidade de doses maiores para a manutenção do efeito de embriaguez obtido nas primeiras doses. Já a dependência é quando um indivíduo não apresenta mais forças por si mesmo de interromper ou reduzir o consumo de álcool.

Não necessariamente uma pessoa que desenvolva tolerância ao álcool se tornará dependente. Contudo, em todos os casos, começa-se com a “tolerância zero” que é tão crônica, progressiva e fatal como a dependência.