segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

“De bem” o inferno está cheio



“Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito”, Fernando Pessoa.

Muitas vezes culpamos as instituições por falhas que, na realidade, são meramente humanas, apesar dos próprios órgãos sociais serem construídos por leis de gente que não é perfeita. Em hipótese nenhuma.

Salvo raríssimas exceções, a maioria dos “políticos de carreira” não cumprem com suas responsabilidades, deixando de lado a tarefa de legislar para priorizar os conchavos políticos que lhes garantam mais mordomias, ganhos financeiros e nomeações de cabos eleitorais para cargos públicos. Não é preciso ir a Brasília para ver isso. Em todas as esferas do poder encontramos pessoas que usam a fé pública para a prática da má fé privada.

Culpar os poderes constituídos, as leis, o sistema pela falta de segurança e atribuir as mazelas da população ao conjunto que as rege é coisa de gente fraca e de raciocínio pobre. Como o meu, o seu e o de todo mundo. Usar o senso comum para inflar discurso é fácil. Difícil é explicar o motivo real dos acontecimentos de forma prática, científica e com base em dados reais.

Somos seres falhos, faltantes e desejantes. Não somos “pessoas de bem”. Ao contrário, cada um quer o que lhe cabe no próprio latifúndio, seja segurança, saúde, lazer, dinheiro, e outras coisas mesmo que para isso o pobre do favelado se lasque.

Por que não toleramos “rolezinhos”? Lembro que quando jovem dávamos “passeiozinhos” na Avenida Beira-Rio todos os domingos. Ninguém gastava ou pagava nada. Ainda bem que não havia redes sociais, pois os comerciantes iriam fechar as portas dos estabelecimentos antes das 18h.  

Agora, quando o “morro” desce a cidade fica alerta. As madames e os patrões ficam apreensivos. Oportunidade? Só para quem não tem cordão de prata, boné com aba larga, cor pálida e não usa tênis de marca. É... Eles são consumidores também. Não sabiam “nobres” da baixada?

Hoje a hipocrisia toma conta de todos os lugares. Não só das instituições. É hora de parar e repensar nossos atos, falhas e aprender com eles para que no futuro sejamos pessoas melhores, por que “de bem” o inferno está cheio.