"Toda forma de vício é ruim, não importa que
seja droga, álcool ou idealismo", Carl Gustav Jung.
O trágico episódio da morte de um estudante universitário de 23 anos por
abuso de álcool, após participar de uma festa universitária em São Paulo, nos
faz refletir sobre uma demanda que é, no mínimo, complicada.
Ao contrário do que insistem em atribuir ao senso comum, as substâncias
psicoativas lícitas são tão letais quanto as ilícitas, ou seja, a bebida ou o
remédio podem levar a óbito quem abusa dessas drogas.
Sim, o álcool é uma droga, vicia e, com uso prolongado, pode causar sérias
lesões no cérebro, fígado, coração, delirium tremens, que pode ser fatal.
Acontece que vivemos numa sociedade bêbada e equilibrista que só se
desequilibra quando acontece uma fatalidade como essa.
Além do rapaz que morreu, outros que estavam na mesma festa passaram mal
e alguns até deram entrada, em coma alcoólico, nos hospitais da região. Isso
acontece porque estamos cada vez mais embriagados com tanta informação desviante
do foco principal, que qualquer abuso é nocivo, seja de drogas ilícitas ou
lícitas.
Sendo uma das poucas drogas que têm o consentimento da sociedade para a
sua utilização, o álcool é facilmente adquirido e usado indiscriminadamente por
qualquer faixa da população.
A questão é séria porque nem algumas substâncias consideradas epidêmicas
têm efeitos tão díspares quanto o álcool, que apresenta duas fases: uma
estimulante e outra depressora.
Portanto, para pensar sobre a situação, digo que o episódio se enquadra
numa das fases do alcoolismo (doença), pois houve consequências decorrentes do
abuso da ingestão.
Claro que dentro do alcoolismo existem várias categorias, como a
dependência, a abstinência, mas o abuso (uso excessivo, porém não continuado),
também se encaixa no diagnóstico do alcoolista.
Não estou aqui fazendo apologia à abstinência. Muito menos o texto é
contra o álcool ou a qualquer tipo de droga. Apenas apresento uma situação
pouco ou quase nunca debatida nas rodas de intelectuais ou em outros círculos
mais íntimos. A questão aqui é o abuso.
Todos os estudantes participavam de uma festa "open bar" com
bebidas que eram servidas à vontade, incluindo cerveja, cachaça, vodca e energético.
O problema é que o bar aberto fechou as portas promissoras de um jovem e o pior
é que, provavelmente, muita gente vai beber para esquecer, novamente, o
problema.