“A perversão é um fenômeno sexual, político, social, físico, trans-histórico, estrutural, presente em todas as sociedades humanas”, Elisabeth Roudinesco.
A grande maioria
dos políticos brasileiros, quem sabe, possui traços do que chamamos em
psicanálise de ‘perversão’. Não se engane. Apesar de alguns populistas e
elitistas detentores de procuração pública para exercer o mandato evidenciarem,
talvez, algo como perversão estrutural da personalidade ou, conforme alguns
autores contemporâneos da psicanálise e dos quais tenho como referência, uma
tipificação subordinada às duas grandes estruturas (Neurose e Psicose), todos
nós temos algum traço perverso. Vem do berço.
Freud (1905) em os
“Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” traz uma inovação sobre a criança
enquanto sujeito sexual e a classifica enquanto possuidora de uma sexualidade
perverso-polimorfa, isto é, que pode ter várias formas para atingir seu objetivo
(prazer) e que pode permanecer no adulto.
Para alguns
autores, o tema da perversão é controverso e polêmico porque, além da
conceituação clássica de que refere um transtorno que desvia os fins da
sexualidade normal, ele também implica, na atualidade, questões morais, éticas,
ideológicas e jurídicas.
Já ouviram esta
frase: “rouba, mas faz”? Creio que sim. Não passa de uma justificativa
neurótica para legitimar uma conduta perversa. Ou seja, os perversos, para o
espanto de alguns, nos fascinam. São os líderes e precisam de uma plateia
neurótica para aplaudir suas façanhas fetichistas, sadistas, masoquistas ou
qualquer outra parafilia espetacular.
Não falta nada ao
perverso. Ao contrário do neurótico, que não sabe o porquê de seu sofrimento, o
inverso acontece com o perverso. Ele sabe lidar com a ‘falta’, pois não lhe
falta nada. Por isso ele não sofre. Melhor ainda, terceiriza o sofrimento.
Pior, ou melhor, para os neuróticos ao redor. O que fascina é justamente ver o
“malvado favorito” lidar com o que, normalmente, os outros não conseguem.
Contudo, “o
perverso, por mais que queira ocultar sua perversão, sempre acaba se traindo
porque ele está sujeito a duas forças opostas, iguais na quantidade, que estão
em um permanente jogo duplo: uma parte dele mantém um policiamento à pulsão
perversa, enquanto a outra parte sabota a primeira (também pela razão da
formação de culpas que o impelem a ser flagrado e punido) e comete algum tipo
de ‘besteira’, assim fazendo fracassar o seu lado sadio, de modo a perpetuar o
sistema perverso”, diz o psicanalista David Zimerman.
Um exemplo clássico
nos quadrinhos é o “Esquadrão Suicida”. Nome sugestivo para os supervilões
psicopatas do Universo DC, sob a tentativa de controle do governo Americano.
Governo, leis e controle são coisas que não encaixam ao perverso. Uma hora a
máscara cai. E assim, a vida imita a arte ou vice-versa.
Ao menor sinal de
angústia, o lobo em pele de ovelha, desiste da missão e vai pelo caminho mais
fácil. Narcisista e sem espinhos. Rumo ao avesso!