“A política da psicanálise é a política do inconsciente, que é democrática incondicionalmente”.
A Formação em Psicanálise é uma modalidade da educação
informal que tem passado por mudanças nos últimos anos em busca de garantir uma
transmissão de qualidade para os novos candidatos a analistas. Todos os
aspirantes em formação devem estar matriculados, preferencialmente, em
instituições que visam o sistema chamado “tripé analítico” (teoria, análise e
supervisão).
Entre nós sabemos o que não é um psicanalista e...
“reconhecemo-nos sem saber o que é um. Afirmar-se psicanalista implicaria
necessariamente numa marca, mas uma marca contingente, que não se deixa
universalizar”, diz o analista Conrado Ramos.
Aceitar a diversidade, suas múltiplas modalidades é uma
indicação ética que deve orientar nossa política. A política da psicanálise é a
política do inconsciente, que é democrática incondicionalmente.
A formação, que é oferecida em consonância com os estatutos
internacionais, sempre esteve aberta aos profissionais graduados em várias
áreas do conhecimento humano, com critérios estabelecidos pela Comissão de Ensino
baseados no texto do próprio Freud: "A questão da análise leiga".
A Psicanálise não é uma profissão regulamentada no Brasil,
por outro lado, quando o Ministério do Trabalho e Emprego reconheceu-a como
ocupação, conforme CBO n.º 2515-50, houve um consenso entre as Sociedades
Psicanalíticas, que, visando manter elevado o padrão intelectual de seus
cursos, normatizaram que apenas seriam aceitos como alunos, pleiteantes a
analistas, aqueles com graduação superior em qualquer área do saber.
A Formação em Psicanálise não é uma coisa simples. A prática
está vinculada à transmissão o tempo todo. Estar em análise é condição
fundamental para se tornar um analista.
Uma formação eficaz é sustentada fundamentalmente na análise
pessoal dos postulantes para habilitá-los à prática clínica: análise pessoal,
ensino e supervisão. São os três pilares que regem as diretrizes básicas das
formações, fundamentados no tripé analítico proposto por Hanns Sachs e aprovado
em uma das reuniões de quartas-feiras pelo primeiro grupo de discípulos
reunidos por Freud.
O cursista é estimulado a participar da vida institucional,
tanto nas atividades de pesquisas científicas quanto culturais, já que se
compreende a formação do psicanalista não somente como um desenvolvimento
intelectual, mas, especialmente, como um engajamento institucional. Para
atingir este objetivo, toda a formação busca promover uma abertura às diversas
formas de pensamento e ao convívio com as diferenças.
A formação deve inserir-se no mundo de mudanças e ser
repensada com base nas novas realidades e exigência da contemporaneidade. Ela
tem que ser contínua. Não se esgota na sala de aula apenas.
Cabe ressaltar que a Psicanálise é uma modalidade que nos
desafia a repensar também a educação como um todo. Sua prática pedagógica, sua
cultura, as políticas e a formação dos formadores.