"O que o pai
calou aparece na boca do filho, e muitas vezes descobri que o filho era o
segredo revelado do pai", Friedrich Nietzsche.
Símbolo de força e lei, o pai é aquele que representa a
referência e, por mais que possa parecer estranha, a independência. A figura
paterna entra no ambiente que antes era só da mãe e do bebê. Ao pai cabe
permitir que o filho tenha sua vida própria, independente da mãe.
No Dia dos Pais cabe uma reflexão sobre a figura tão
importante para o desenvolvimento emocional e tão presente, mesmo no campo
simbólico, que faça o corte do laço afetivo e interventor, mediando o desejo da
relação mãe e filho.
No grupo Reflexões da Psicanálise, encontramos a questão
abordada quando "Freud (1923 e 1917) e Lacan (1958) vão discutir a função
do pai na estruturação psíquica, sendo que o segundo autor salienta que o pai é
uma metáfora, é um significante que vem no lugar de outro significante. É esse
o seu papel de interventor no Complexo de Édipo”.
Mas o que é um pai em psicanálise? De acordo com pesquisa
realizada pelo Centro Psicanalítico do Rio de Janeiro, a formulação da questão
acerca do que a figura do pai pode designar envolve, desde o início de seu
percurso clínico e teórico, uma referência puramente genética. Em outras
palavras se afasta da ideia de que a reprodução basta para permitir a
paternidade.
Por isso a necessidade de pensar algo, além do biológico,
que venha da origem do funcionamento psíquico. Sendo assim, Freud ultrapassou o
biológico e fundou uma lógica do sujeito, dando um salto em direção à
exploração da cultura, rompendo assim a lacuna entre natureza e cultura até
então dominante no início do século XX.
Ao transpor o aspecto da procriação, Freud acrescentou
algo ao enigma do que constitui um pai e uma mãe concretamente, colocando em
pauta o valor irredutível de uma transmissão simbólica, diferente das
necessidades fisiológicas que organizam a família biológica.
Ao fim de seus estudos, o Pai se torna presente
explicitamente, como escrita e como sintoma. Trata-se do ponto culminante de
suas reflexões (bem como o ponto de partida da teoria de Lacan sobre o Pai)
quando deixa claro que o vínculo transferencial com o Pai e a Lei é a dívida
simbólica capaz de tornar possível a transmissão e perpetuar o ciclo da vida.
*Publicado em 2013