"Mantemos uma vida de fantasia onde nos comprazemos em compensar as deficiências da realidade", Freud.
O senso comum utiliza a palavra “alcoólatra” para nomear o
sujeito que sofre com o alcoolismo. Este termo, que parece aos olhos da ciência
equivocado, por sinal, vem de encontro a uma questão fundamental: não seria o
álcool uma substância divina? Parece que sim.
A idolatria do álcool é encontrada em toda sociedade. Não há
festa sem bebida alcoólica. Desde a antiguidade, nas civilizações antigas e
também na literatura, nos bacanais de Dionísio, contados na mitologia, e nos
tempos atuais. A garrafa nunca ficou vazia. Nada contra quem bebe socialmente.
É cultural, o problema aqui é outro. De cada dez pessoas que consomem moderadamente
ou abusam desta substância, uma vai ter graves problemas de compulsão e,
possivelmente, se tornar um alcoolista.
A relação entre o sujeito e o álcool é, durante a história,
repleta de tapas e beijos. A bebida é uma das formas de escapar da realidade
implacável. Alguns a utilizam como relaxante, uma ferramenta de aproximação
social, recreação e até fins religiosos. Contudo, alguns usuários alteram o
estado de consciência e tornam-se agressivos.
No caso do abuso ou dependência é diferente. Momentaneamente
as angústias desaparecem como um “milagre” é como uma se fosse uma espécie de
"religião", o consumidor idolatra e se entrega num êxtase entorpecente.
Daí o termo “alcoólatra” poderia ser utilizado corretamente.
Por isso, a Semana
Nacional de Combate ao Alcoolismo, não ao álcool, diga-se de passagem, é
necessária. As campanhas de prevenção são o melhor caminho. Mesmo que os
bebedores digam a famosa frase “paro quando eu quiser” é necessária uma
intervenção educativa.
O álcool continua sendo droga mais usada em todo o planeta,
à frente do tabaco e da cannabis. A substância depressora é responsável pelo
envio de pessoas a prontos-socorros, e o vício que mais preocupou amigos e
parentes das vítimas.
É um assunto de saúde pública. Muitos já vivenciaram cenas
de violência na própria casa, provavelmente envolvendo o consumo exagerado. Então, contra a cultura do consumo, esta
semana vamos todos pensar sobre o assunto e combater a idolatria alcoólica.
Portanto, se beber, não dirija. Nem o veículo e muito menos sua vida.