sábado, 11 de fevereiro de 2012

Do conjunto para singularidade



“Entre as drogas que alteram o pensamento, a melhor é a verdade”, Lily Tomilin.

Ação conjunta! Esta é a frase de ordem para que as coisas realmente aconteçam no que diz respeito ao combate às drogas, sem esquecer a intervenção e, principalmente, tratamento dos dependentes químicos, onde muitos trabalhos devem ser revistos e reavaliados.
Os esforços do poder público são louváveis até que esbarrem na palavra política, tão controversa que hoje perdeu seu verdadeiro significado tornando qualquer objeto de sofrimento social um trampolim para uma pauta eleitoreira partidária. E não é isso que queremos nesse momento.
O que a opinião pública e a sociedade realmente querem é uma solução paliativa para o “mal” do milênio, ou seja, o consumo doentio e abusivo de substâncias psicoativas que destroem não só a família, mas a “pólis”, como sendo reunião dos cidadãos, sob mesmas leis e território, conformando a cidade-estado. A comunidade. É dessa palavra (pólis) que deriva o termo política.
Devemos recorrer a estratégias de enfrentamento levando em consideração a região, cultura e perfil, se urbano ou rural, para uma melhor eficácia nessa luta que é árdua, infinita, cansativa, mas que vale a pena quando uma vida é restaurada por ações sérias e precisas que vão direto a causa do “problema”, não apenas à superficialidade do uso em si.
Todas as ações coletivas que não levarem em consideração a individualização e a subjetividade do sujeito serão fadadas ao fracasso. Quero dizer com isso que padrões imutáveis de tratamento ou muros de concreto aprisionando dependentes não resolvem a questão e nunca resolverão. O tema é mais profundo do que imagina nossa vã filosofia, por isso recorro ao pensamento de Hannah Arendt quando ela falava sobre a causa de nossa ação.
O que nos faz agir politicamente? O interesse da filósofa alemã não é diferente do nosso, pelo menos do meu. Em suas reflexões, originárias do pensamento grego, ela distingue dimensões da atividade humana e, uma delas, em especial, me chama atenção, a “animal laborans”, que sugere um agente aprisionado pelas necessidades biológicas e trabalha somente para prover sua subsistência. Ora! O que fazem os dependentes a não ser mover-se para conseguir saciar a insaciável compulsão?
Penso que, como afirma a obra “A Condição Humana”, a ação política deve manter instituições responsáveis pela criação de condições para receber os recém chegados ao mundo. Atualizando para o tema, ouso dizer que também merecem a classificação de renascimento, uma vez que retornam dos mortos.
Durante este pensamento, lembrei da visita do secretário de estado de Ação Social, Rodrigo Coelho (PT), à Associação de Apoio Terapêutico Reviver (AATR) em Mimoso do Sul. Na mesma hora o texto que li na revista Discutindo Filosofia saltou em meu pensamento: “por meio da ação, os homens mostram suas identidades singulares, e não suas qualidades e defeitos, isto é, ‘quem’ são. O indivíduo, ao agir entre os outros, revela-se. Essa revelação distingue uma ação política de uma ação qualquer em busca de um fim”. E é dessa ação e interesse em resgate de vidas que reflito neste momento.
Por fim, louvo, sinceramente, que o Conselho Municipal de Prevenção e Políticas sobre Drogas (Comsod) de Cachoeiro de Itapemirim tenha como objetivo traçar ações conjuntas com outros municípios, isso levando em conta a regionalização, porque não há lugar onde não haja drogas. De norte a sul do estado. Por isso, essas ações devem acompanhar a velocidade com que novas formas de usar velhas drogas vão aparecendo. E não se esqueçam que a união faz a força!