“Nada é permanente, exceto a mudança”, Heráclito.
por Roney Moraes
Um
olhar assim retrospectivo pode se tornar meio que melancólico. Apesar de gostar
de coisas antigas, principalmente música, hoje estou propenso a ousar dar um
salto para o futuro. Não vou desmerecer as conquistas, os avanços, os
aprendizados, mas há uma ressalva: a vontade do ser humano pela mudança é
constante.
O
“novo” é causador de uma intensa mistura de possibilidades como a esperança,
medo, expectativas e até atualização do que está estático. Isso é possível por
meio de uma escolha. A vida é feita de escolhas. Ou a gente vai para frente ou
volta, dá um passo atrás para dar dois para frente.
Acompanhar
os moldes políticos, culturais, educacionais ou até filosóficos significa uma
busca constante por novidades. Novos horizontes, novas questões. A criatividade
parte do coletivo e começa, justamente, no comportamento inovador.
Parafraseando Fernando Pessoa: inovar é preciso, viver não é preciso. Por isso
a escolha é pessoal. Cada qual com sua motivação, seus anseios. Quem fica
parado é poste e ainda depende de outros para conceber iluminação. Somos
iluminados por não sermos estáticos. Ter luz própria significa a posse dessa
luz que envolve ideias, ideais e pensamentos propulsores que impulsionam para
frente.
Nesses
tempos em que somos bombardeados de opiniões e informações, por meio da
internet, deixar fluir a veia crítica se faz necessário. Aliás, sem
autocrítica, a militância, seja ela qual for, se reduz a mera ignorância.
Temos
que seguir um caminho. Não existe meio termo. Queremos novidades ou continuar
parados no tempo? A paralisia mata. Mata os sonhos, mata os companheiros e
companheiras, mata a utopia. O que seria de nós sem os sonhos? Sonhamos para
realizarmos algo futuro e o futuro não passa do que pretensiosamente achamos
que vai acontecer em algum momento distante do agora. Portanto, sem ação hoje
não há futuro para ninguém, sob pena de permanecermos no ostracismo agonizante
e, na maioria das vezes, até irritante.
Algumas
questões devem ser consideradas neste caminho. O desvio é tentador e
provocativo. “Verdades” serão sumariamente executadas em duplo sentido, com
injúrias, de uma parte, e na própria extinção da mesma. Por isso, o olhar
crítico se faz necessário e o tema solucionado pelo próprio expectador, sem
deixar se levar por paixões ou por qualquer motivo que o impeça de progredir. E
o progresso está em comunhão com a ousadia, oportunidade, inovação e,
incontestavelmente, com a inovação. “Ousar lutar, ousar vencer”, disse Che
Guevara uma vez pensando justamente no futuro e na mudança.
* Psicanalista,
jornalista e membro da ACL.
roneyamoraes@gmail.com