sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Recaí sim... E daí?



“Ali onde eu chorei  qualquer um chorava dar a volta por cima que eu dei quero ver quem dava (...) Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.

E daí que não é fácil para um dependente químico driblar a sua dependência todos os dias. Isso é fato. Soa hipocrisia quando alguém, que sempre diz o que fazer quanto a prevenção e o enfrentamento das drogas lícitas e ilícitas encontra no meio do caminho uma pedra. Acontece.

Levantar a cabeça e seguir em frente é primordial. Sem isso, o caminho para a escalada buraco fica mais difícil. Seja por vergonha ou outro motivo que leva a recaída. Na verdade a recaída vem de sucessivos lapsos que uma hora saem do controle do usuário de substâncias psicoativas. Comigo foi assim.

O que as pessoas devem entender é que a dependência é como a diabetes. Não tem cura. É uma doença crônica, progressiva e fatal. Então o quanto antes procurar ajuda melhor. Tentar sair sozinho da lama (engano os que acham que dependentes estão no fundo do poço porque lá tem água limpa), mesmo com conhecimento profundo sobre o assunto, parece praticamente impossível.

No meu caso foi assim... Busquei ajuda, pois não aguentava mais a situação constrangedora em que acabei me enfiando. Graças a Deus encontrei pessoas que se preocupam verdadeiramente comigo. Há aqueles que só pensam em te ferrar ainda mais. Esses, só lamento, podem até tentar, mas conseguir será um pouco difícil. Porque não me importo. Só tenho interesse, hoje, por quem tem consideração e sabe da luta diária que travo comigo mesmo para me manter na sobriedade, portanto, danem-se os fofoqueiros de plantão.

O desabafo público estava engasgado. Não penso que com isso me livro de  qualquer irresponsabilidade cometida por conta de meus atos impulsivos  e compulsivos. Apenas deixo claro, para todos que me acompanham, desde a opção por um tratamento, que estou longe de ser perfeito, muito menos o dono da verdade quando abordo temas sobre dependência química. 

Apesar disso, não sou diferente de ninguém. Apenas não tenho controle quando encontro um fator de risco. Disso sim tenho medo. Pretendo continuar a me empenhar a ter uma vida saudável e tranquila. Sem problemas. Só espero não encontrar pela frente pessoas que não compreendam a doença e ainda sim achem no direito de criticar sobre um assunto que não conhecem e muito menos sobre uma vida que não lhes diz respeito.

Por falar em respeito, mesmo correndo o risco de parecer hipócrita, é bom e eu gosto.