sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Athayr Cagnin – Poeta e Cidadão




“Caminhos que trilhei em minha infância, não estranheis meu passo tardo, lento. O tempo ficou longe, na distância, em que me tínheis, livre irmão do vento”, Athayr Cagnin (trecho do poema Velhos Caminhos).

por Roney Moraes


O Cineclube “Jece Valadão” apresentou ontem (13/09/2012) à noite o filme/documentário “Athayr Cagnin – Poeta e Cidadão” no salão do Centro Operário e de Proteção Mútua, na rua 25 de Março, centro de Cachoeiro de Itapemirim. O evento contou com a presença de vários membros da Academia Cachoeirense de Letras (ACL).
Athayr Cagnin, mesmo debilitado e perto de completar seus 94 anos, fez questão de estar presente na exibição que resumiu, de forma brilhante e poética, a vida e a obra do professor, poeta, dentista, escritor e acadêmico.
Antes da exibição, os presentes, além dos acadêmicos, autoridades e produtores culturais receberam um exemplar do DVD com o filme, em seguida ouviram o hino oficial do Cineclube, que, inclusive, foi composto pelo homenageado.
          No documentário, os expectadores puderam ver depoimentos de amigos e familiares, como o da acadêmica e advogada Moema Baptista, além da leitura dos primorosos versos do professor interpretados por ele mesmo, pelo acadêmico Evandro Moreira e pelo ator Lucimar Costa.  
O filme conta a história de um dos mais brilhantes intelectuais de Cachoeiro e mostra ainda fotos do arquivo pessoal de Cagnin e da família, além de destacar o poeta como grande militante cultural do século XX. Ao lado de Newton Braga, Newton Meirelles e outros, Athayr Cagnin atuou como editor do jornal A Época.
Com o Projeto “Memória Viva”, o objetivo do Cineclube “Jece Valadão” é manter viva a memória de personalidades que contribuíram para o desenvolvimento de Cachoeiro. A produção do vídeo começou em 2011, segundo um dos idealizadores do documentário, em entrevista a repórter Beatriz Caliman, do jornal ES de Fato, Carlos Roberto de Souza. Na reportagem, Souza destacou que além do sentimento bairrista de Athayr Cagnin, o que mais lhe despertou atenção em sua história foi a infância e o período em que enfrentou a ditadura.
No fim da apresentação o poeta agradeceu a presença de todos e foi surpreendido com a leitura de trechos de seus poemas pelos amigos, acadêmicos e autoridades presentes. A iniciativa foi da terapeuta Maria Elvira Tavares Costa. Em seguida Athayr, emocionado, entregou o título de Membro Benemérito da Academia Cachoeirense de Letras, ao já efetivo, Higner Mansur. Ele explicou que a homenagem foi uma iniciativa dele quando, na época presidente da ACL, conheceu o então promissor e jovem advogado.  Posteriormente, Mansur, eleito vereador, contribuiu muito para a valorização da entidade e em seguida ocupa a cadeira de número 21, cujo patrono é Jerônimo Monteiro. Mesmo assim, Cagnin fez questão de prestar esta homenagem ao advogado, escritor e acadêmico.   
O documentário, em DVD, pode ser encontrado no Café Mourad’s. Incalculável, mas com irrisório preço de R$ 20,00.

História
Athayr Cagnin nasceu em Cachoeiro em 20 de novembro de 1918. Filho de imigrantes italianos - Urbano Cagnin e Josefa Volpato Cagnin - fez o curso primário no Grupo Escolar "Bernardino Monteiro". Formado em Odontologia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia de Vitória, iniciou suas atividades profissionais na Serra. Mais tarde, voltou para Cachoeiro.
Começou nas letras ainda muito jovem, colaborando nos jornais e revistas do Estado. Foi nomeado professor catedrático do ensino secundário pelo governo do Estado, após ter sido aprovado com distinção em concurso público de títulos e provas.
Em outro concurso, realizado em 1965, conquistou o 1º lugar na cadeira de "Ciências Físicas e Biológicas (2º ciclo) do Liceu "Muniz Freire", do qual também foi diretor.
Atualmente, ocupa a cadeira n º 02 da Academia Espírito-santense de Letras, que tem por patrono Graciano dos Santos Neves, e a cadeira nº 06 da Academia Cachoeirense de Letras, cujo patrono é Narciso de Araújo. É também membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.