“Caminhos que trilhei em minha
infância, não estranheis meu passo tardo, lento. O tempo ficou longe, na
distância, em que me tínheis, livre irmão do vento”, Athayr Cagnin (trecho do
poema Velhos Caminhos).
por Roney Moraes
O
Cineclube “Jece Valadão” apresentou ontem (13/09/2012) à noite o
filme/documentário “Athayr Cagnin – Poeta e Cidadão” no salão do Centro
Operário e de Proteção Mútua, na rua 25 de Março, centro de Cachoeiro de
Itapemirim. O evento contou com a presença de vários membros da Academia
Cachoeirense de Letras (ACL).
Athayr
Cagnin, mesmo debilitado e perto de completar seus 94 anos, fez questão de
estar presente na exibição que resumiu, de forma brilhante e poética, a vida e
a obra do professor, poeta, dentista, escritor e acadêmico.
Antes da exibição, os
presentes, além dos acadêmicos, autoridades e produtores culturais receberam um
exemplar do DVD com o filme, em seguida ouviram o hino oficial do Cineclube,
que, inclusive, foi composto pelo homenageado.
No
documentário, os expectadores puderam ver depoimentos de amigos e familiares,
como o da acadêmica e advogada Moema Baptista, além da leitura dos primorosos
versos do professor interpretados por ele mesmo, pelo acadêmico Evandro Moreira
e pelo ator Lucimar Costa.
O
filme conta a história de um dos mais brilhantes intelectuais de Cachoeiro e
mostra ainda fotos do arquivo pessoal de Cagnin e da família, além de destacar
o poeta como grande militante cultural do século XX. Ao lado de Newton Braga,
Newton Meirelles e outros, Athayr Cagnin atuou como editor do jornal A Época.
Com
o Projeto “Memória Viva”, o objetivo do Cineclube “Jece Valadão” é manter viva
a memória de personalidades que contribuíram para o desenvolvimento de
Cachoeiro. A produção do vídeo começou em 2011, segundo um dos idealizadores do
documentário, em entrevista a repórter Beatriz Caliman, do jornal ES de Fato,
Carlos Roberto de Souza. Na reportagem, Souza destacou que além do sentimento
bairrista de Athayr Cagnin, o que mais lhe despertou atenção em sua história
foi a infância e o período em que enfrentou a ditadura.
No
fim da apresentação o poeta agradeceu a presença de todos e foi surpreendido
com a leitura de trechos de seus poemas pelos amigos, acadêmicos e autoridades
presentes. A iniciativa foi da terapeuta Maria Elvira Tavares Costa. Em seguida
Athayr, emocionado, entregou o título de Membro Benemérito da Academia
Cachoeirense de Letras, ao já efetivo, Higner Mansur. Ele explicou que a
homenagem foi uma iniciativa dele quando, na época presidente da ACL, conheceu
o então promissor e jovem advogado. Posteriormente, Mansur, eleito
vereador, contribuiu muito para a valorização da entidade e em seguida ocupa a
cadeira de número 21, cujo patrono é Jerônimo Monteiro. Mesmo assim, Cagnin fez
questão de prestar esta homenagem ao advogado, escritor e acadêmico.
O
documentário, em DVD, pode ser encontrado no Café Mourad’s. Incalculável, mas
com irrisório preço de R$ 20,00.
História
Athayr
Cagnin nasceu em Cachoeiro em 20 de novembro de 1918. Filho de imigrantes
italianos - Urbano Cagnin e Josefa Volpato Cagnin - fez o curso primário no
Grupo Escolar "Bernardino Monteiro". Formado em Odontologia pela
Faculdade de Farmácia e Odontologia de Vitória, iniciou suas atividades profissionais
na Serra. Mais tarde, voltou para Cachoeiro.
Começou nas letras ainda
muito jovem, colaborando nos jornais e revistas do Estado. Foi nomeado
professor catedrático do ensino secundário pelo governo do Estado, após ter
sido aprovado com distinção em concurso público de títulos e provas.
Em
outro concurso, realizado em 1965, conquistou o 1º lugar na cadeira de
"Ciências Físicas e Biológicas (2º ciclo) do Liceu "Muniz
Freire", do qual também foi diretor.
Atualmente,
ocupa a cadeira n º 02 da Academia Espírito-santense de Letras, que tem por
patrono Graciano dos Santos Neves, e a cadeira nº 06 da Academia Cachoeirense
de Letras, cujo patrono é Narciso de Araújo. É também membro do Instituto
Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.