“Um
único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade”,
Gabriel García Marquez.
por
Roney Moraes*
Não há obstáculos para o
amor. O escritor colombiano, Gabriel Garcia Marquez é prova, e comprova, em sua
obra “O Amor nos Tempos do Cólera” o que uma rede de comunicação é capaz,
maiores detalhes no livro... O interessante é analisarmos a funcionalidade de
nossas redes sociais hoje. Muitos acabam encontrando sua “alma gêmea” em
ambiente virtual e também seu inimigo mortal, subitamente assassinado em apenas
um click. (Por falar em Marquez, “Cem Anos de Solidão” completa 30 anos de
Prêmio Nobel. Só para constar nos anais deste texto).
O problema é que nem só de
amor vive a “rede”. Rede deveria remeter a sossego, praia, varanda, balanço...
Mas, ao contrário, nestes tempos de cólera e guerra eleitoral, as redes sociais
transforma-se em armas midiáticas extremamente funcionais se manuseadas com
destreza. Já diz o ditado “não é a arma que mata, mas quem puxa o gatilho”.
A dinâmica da realidade
virtual é violenta. O amor confunde-se com a cólera se mal interpretado no
espaço que é destinado, primeiramente, ao contato, mesmo que, em síntese,
distante.
Questionado sobre a
importância das novas mídias, creio que elas servem como meios de publicidade.
Claro que, em raras exceções, há amizades e a promoção do reencontro, mas
pergunto: como observar a verdadeira identidade pessoal de maneira sincera sem
o contato? Seria possível destacarmos se o indivíduo é “Arcadiano” (impulsivo,
extrovertido) ou “Aureliano” (pacato, estudioso e fechado), como na obra de
Marquez, por meio das redes sociais?
Sabemos que há distinções
entre a língua escrita e falada. São dois meios de comunicação distintos. A
escrita representa um estágio após a verbalização. A língua falada é mais
espontânea, o oposto da escrita que é formal. Mas, nas redes, há uma tentativa
louca de misturar essas duas características, comprometendo ambas, no meu ponto
de vista.
Sem uma estratégia de
embate, um erro grotesco cometem os políticos ao apoderarem-se da internet para
remeter seus anúncios publicitários. O equívoco está em implantar a “Teoria
Hipodérmica”, que consiste, no molde behaviorista, em espalhar a mensagem para
que ela, uma vez lançada, se perca na massa como referência de mão única. Só
que a “rede” tem duas vias.
Agora vivemos em momento de
abalo cósmico no mundo virtual. É um ciclo, como as estações. A cada dois anos,
somos “invadidos”, abruptamente, por “amigos” que não se interessariam em
compor o nosso quadro de perfis a não ser para pedir votos e fidelidade,
questionável, pois não acredito na “rede” para esses fins.
Há, portanto, nas redes
sociais, uma tentativa de tornar amável quem não é. Sociável quem jamais foi e
solícito aquele que nunca atravessou uma vovozinha na faixa de pedestres. É o
amor que se vai dando lugar à cólera de muitos que antes eram amigos,
independente de suas paixões.
Mesmo assim, contra tudo e
todos, acredito no amor... Simples assim!
*Psicanalista, jornalista, professor e
membro a ACL.