quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Confesso que não esperava tanto




“Tudo o que nos separava subitamente falhou”, RB.


por Roney Moraes*

Estava preocupado, desde dezembro, se haveria algo com relação ao centenário do maior cronista da língua portuguesa (segundo o acadêmico e advogado Higner Mansur). Eu e um grupo de amigos ensaiamos até um encontro às vésperas do aniversário de Rubem Braga. Mas, para a nossa alegria, sem precisar postar um vídeo ridículo no You Tube, a Secretaria Municipal de Cultura não deixou a data passar em branco. E, como diriam os acadêmicos, “nulla dies sine linea” (nenhum dia sem uma linha), ou seja, em branco é que não ficaria essa página em Cachoeiro de Itapemirim. 

O urubu da crônica, isso mesmo - Rubem não gostava do apelido de sabiá – teve as honras que merece. Digo no tempo presente porque ele está imortalizado em sua simplicidade, em seus textos únicos, inigualáveis. Tem gente que quer até patentear “crônica” como algo exclusivo de Braga. Tudo bem, não interessa. Contento-me com o título de articulista, mas isso é “pano para outra manga”, aliás, além de mangueiras, na cobertura do cronista em Ipanema, no Rio de Janeiro, tinha pitangueiras, pés de romã e goiabeiras.

Do café da manhã literário de sábado até o ‘happy hour’ de segunda-feira, com a cantora Duda Felipe, a Casa dos Braga foi abrigo para os amantes da leitura, música, teatro, dança, enfim, todos que se dedicam à cultura em Cachoeiro de Itapemirim. 

Convidado para o bate-papo com a jornalista Claudia Sabadini e com o ator Lucimar Costa falamos sobre o livro “O Jornalismo Literário de Rubem Braga na Guerra”, de autoria da Claudia e de Rondinelli Tomazelli, desde então, parece que eu soprei a vela de aniversário. 

Encontrar com minha professora, doutora em Linguística, Sandra Cavalcante, que hoje é coordenadora do departamento de Letras da PUC de Minas e ainda ganhar dois livros dela, como diriam os publicitários de cartões de crédito: “não tem preço”. Antes disso recebi um abraço no local de trabalho. E a tarde na redação ficou mais suave. 

Por fim, confesso que fiquei satisfeito com a programação cultural que aconteceu e que está por vir: “Concurso nacional de crônicas, encontros de escritores para debate sobre a obra do “Velho Braga”, biblioteca itinerante e teatro nas escolas para incentivar a leitura de textos do autor, lançamento do selo comemorativo e de livro são algumas das ações programadas, que vão culminar na apresentação da V Bienal Rubem Braga, prevista para novembro de 2013”.

Sem medo de errar, porque cometo erros o tempo todo, saio de fininho, encorajado pela confreira Valquiria Volpato e pela professora Sandra a ousar mais em 2013. Não esperar acontecer. A dar o primeiro passo. Mas, o que farei mesmo é pegar impulso com o que já foi feito e continuar, independente das críticas, a ajudar, no que for preciso, a fomentar os momentos como esses vividos e que jamais serão esquecidos. 

*jornalista, psicanalista e articulista membro da Academia Cachoeirense de Letras (ACL)