sábado, 7 de setembro de 2013

Adversidades... Freud explica!



“A ignorância do bem é a causa do mal”, Demócrito.

A psicanálise é tão imensa quanto o iceberg do inconsciente! Não é e nunca será igual à psicologia ou à psiquiatria porque são coisas distintas. O cúmulo da ironia está nas pessoas que estudam as técnicas analíticas por anos, as praticam, e depois cospem no prato que comem. O único problema da psicanálise é que ela soluciona problemas!

Conforme Elisabeth Roudinesco, a mais famosa historiadora da psicanálise na França, com dezenas de livros publicados em 30 países, entre eles uma biografia de Lacan (de 1993) e dois volumes da “História da psicanálise na França”, há que se defender a psicanálise dos adversários “externos” e alguns “internos” que levam os mestres ao pé da letra, como se a psicanálise fosse “uma seita”.

Muitos, como já disse em outras oportunidades, querem os holofotes às custas da psicanálise, mas, como já disse, levar em consideração algumas críticas sobre a psicanálise é o mesmo que entrar numa briga de crianças por um pirulito. Neste caso é melhor parar a briga e dividir o doce, Melanie Klein explica. A fase oral vai passar, assim como a formação do caráter de quem persiste macular a única via secular de investigação do inconsciente.

Em entrevista concedida ao jornal O Globo, em 2011, Elisabeth diz que há um conflito terrível entre a psicanálise e outras terapias minoritárias, como a comportamental, que tem uma concepção do ser humano radicalmente oposta, tem alcançado as trincheiras fora do campo terapêutico. “Consideram que o sujeito humano se reduz a seu comportamento. Para eles, não há alma nem psiquismo. Não há diferença entre um animal e um homem. Há um terceiro campo: o da neurociência. E outro problema: a psiquiatria se tornou muito química”. 

Já estamos vivenciando o que ela disse há dois anos. Começamos a observar que os medicamentos psicotrópicos têm um efeito devastador no cérebro quando tomados por muitos anos.

Alguns psicoterapeutas - ou quase isso - tentam, superficialmente, denegrir a psicanálise, em vão. Falar do que desconhece é, no mínimo, desespero. O engraçado é que se não entendem a teoria freudiana (que é muito mais fácil de ler do que Lacan) insistem em desqualificar o que não compreendem. São razões universitárias que a própria razão desconhece. Quando compreenderem o que é a psicanálise, que a estudaram, e que ela é a base para a grande maioria das terapias psicológicas modernas talvez não será tão difícil ler Lacan quanto ler Spinoza ou Hegel (bônus filosófico para pesquisa - não espalhem).

Quanto às considerações sobre o exercício da psicanálise entendo que a união dos psicanalistas em prol de uma discussão sobre o tema seja válida, porém, minha opinião é que a psicanálise não pode ser submetida a nenhum controle de Estado, pela própria essência e ética que a constitui...

Prefiro a definição do presidente do Conselho Brasileiro de Psicanálise (CBP), José Gomes da Silva Neto, quando ele ressalta que o exercício da Psicanálise se assemelha a de um sacerdote. O que posso adiantar, por enquanto, é que o psicanalista é mais do que um funcionário da psicanálise, mais que um assalariado da cena das neuroses, mais que um membro de uma corporação inserido numa ordem social, por isso não creio na regulamentação profissional que alguns colegas insistentemente tentam emplacar.

Entendo que seria como tentar objetivar o que é subjetivo. Pluralizar o singular. A canção Epitáfio traduz, na frase, o que quero dizer neste artigo: “cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”.

Somos investigadores do inconsciente. E para a eficácia da investigação é necessária uma situação fundamental, a liberdade!