"A pessoa honrada com mais de um título de doutor
honoris causa, poderá usar a abreviação 'Dr. h. c. mult.' (Doutor honoris causa
multiplex)".
O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu
na semana passada (23/04), o título de doutor honoris causa da Universidade de
Salamanca, na Espanha. O título é o 27º honoris causa recebido pelo
ex-presidente, merecidamente.
Os críticos de plantão vão dizer que o ex-presidente não tem
cultura ou histórico científico para pertencer a um colegiado de doutores.
Então, seguindo o mesmo princípio, podem dizer o mesmo de Melanie Klein que, após
o casamento com Arthur Klein, em 1903, abandonou a Medicina e seguiu cursos de
Arte e História, na Universidade de Viena, sem graduar-se. Seguindo esta linha
mesquinha de raciocínio, ela não seria uma das mais famosas psicanalistas
deixando um legado incontestável no tratamento de crianças.
Historicamente, um doctor honoris causa recebe o mesmo
tratamento e privilégios que aqueles que obtiveram um doutorado acadêmico de
forma convencional e é conferido a pessoas eminentes, que não necessariamente sejam
portadoras de um diploma universitário mas que se tenham destacado em
determinada área (artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz, de
causas humanitárias, etc), por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de
serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições. Então as
qualificações averiguadas para a outorga são incontestáveis.
Em seu discurso, Lula falou com propriedade sobre a emoção
de receber o título de uma universidade tão tradicional, com quase 800 anos de
idade, e de como o Brasil tem nos últimos 11 anos lutado para avançar na
educação, após séculos de atraso, com programas como o Reuni, o Prouni e o
FIES, que ampliaram o acesso dos estudantes ao ensino superior.
O ex-presidente ressaltou, por exemplo, o aumento do número
de estudantes universitários em 11 anos, de três milhões para sete milhões de
estudantes, e o fato de ter triplicado o orçamento federal para a educação,
entre 2003 e 2013.
O problema não é Lula receber uma titulação, mas um Luiz da
Silva ser doutor. É demais para as elites.