“Conhecemos o que Freud fez com a literatura. Nos artistas
ele viu seus precursores e nos textos literários, a oportunidade de validar o
método analítico. De Sófocles a Goethe, passando por Jansen e Dostoevisky ,
Freud encontrou na ficção uma antecipação do inconsciente...”, Jacques Lacan.
No dia do psicanalista, comemorado mundialmente em 06 de
maio, não poderia deixar de prestar uma singela homenagem aos agentes atuantes
nesta área tão eclética e controversa que há mais de um século vêm construindo
a clínica pautando-se na ética, responsabilidade e, sobretudo, no compromisso
com a terapia psicanalítica e sua difusão. Mas, enfim, o que é essa tal de
psicanálise?
Já utilizei a teoria psicanalítica, aqui neste espaço, para
divagar (e sempre) sobre vários assuntos. A Psicanálise preenche um espaço
singular na minha vida e, por isso, na condição de psicanalista, tenho a
obrigação de difundi-la, sem, é claro, desmerecer outras abordagens
psicológicas.
A clínica psicanalítica busca algo além de uma “cura”, a
transformação da pessoa, a partir da compreensão dos seus problemas. O paciente
fala tudo que vem à cabeça; cabe ao psicanalista interpretar de forma incisiva
o que ele quis dizer inconscientemente, ajudando-o no autoconhecimento.
Então, podemos dizer (trocando em miúdos) que a Psicanálise é um
método desenvolvido pelo médico neurologista austríaco Sigmund Freud para tratar
de distúrbios psíquicos por meio da investigação do inconsciente.
Alguns formadores afirmam que só quem foi analisado pode
analisar seus pacientes. E, alguns cursos têm a duração de dois a três anos,
tendo o profissional que continuar sua capacitação o resto da vida. É
fascinante.
O interesse pelos processos de investigação do inconsciente
me levaram a compreender que um psicanalista, de fato, nunca está pronto. Está
sempre em movimento buscando conhecimento
e, para conhecer algo é preciso vivenciá-lo, então ingressei na Psicologia. Acredito
que me aprofundar na ciência que estuda o comportamento humano e seus processos
mentais está dentro do meu conceito de lógica.
Em síntese, a integração das experiências, decorrentes da
prática psicoterapêutica psicanalítica e dos estudos acadêmicos em psicologia,
me parecem contribuir muito no crescimento pessoal, intelectual e clínico,
apesar da polêmica problemática do ensino da Psicanálise.
A psicanálise está (e sempre esteve) na clínica. Talvez em
função de uma padronização na transmissão apartou-se da extensão de suas
possibilidades. Por isso, há necessidade da ampliação do seu ensino.
E, como a Psicanálise está cada vez mais ligada ao ambiente acadêmico,
é lá que encontramos sustentação teórica para a prática clínica, a universidade
também se apropria do que, na verdade, não é de ninguém. É patrimônio universal
da humanidade.
*Presidente da Associação Psicanalítica do Estado do Espírito Santo
(Apees) e do Instituto Brasileiro de Psicanálise (IBP/Inape).