"O indivíduo num
grupo está sujeito, através da influência deste, ao que com frequência
constitui uma profunda alteração na sua atividade mental. A sua submissão à
emoção torna-se extraordinariamente intensificada, enquanto que a sua capacidade
intelectual é acentuadamente reduzida (...)”, Freud.
A psicologia das massas ajuda a explicar manifestações no
Brasil e que insistentemente tentam chamar atenção na Copa do Mundo. O problema é que, na maioria dos casos,
descambam para violência e vandalismo. Quando uma multidão se junta, por
qualquer motivo, o comportamento das pessoas deixa de ser individual. Passa a
ser um só com o todo, como se fosse uma entidade se comportando: a massa.
Levado na onda da multidão, o indivíduo diminui seus freios
e ganha coragem. Como a responsabilidade e irresponsabilidade são divididas, o
sujeito comete atos que talvez não faria se estivesse sozinho.
Isso não significa que seja um comportamento justificável.
Os atos da massa, aliás, nem sempre são negativos. Marchas pacíficas pelos
direitos e por melhores condições de vida, educação, saúde e segurança são
exemplos disso.
Alguns teóricos dizem que esse comportamento nunca é
totalmente irracional. Há um ponto de partida, porém a massa, então, e os
indivíduos que a compõem – ao perder as suas características superiores –,
passa a apresentar as qualidades mais ordinárias, medíocres ou primitivas já
encontradas no indivíduo, qualidades regidas pelo inconsciente.
“A personalidade consciente desfalece, os sentimentos e as
ideias de todas as unidades (indivíduos) são orientadas na mesma direção.
Forma-se uma alma coletiva, transitória sem dúvida, mas apresentando características
bem nítidas”, Gustave Le Bon.
Agora, uma situação interessante. A paixão é um dos combustíveis
para a multidão. O que ocorre hoje é justamente o inverso da inflamação. As
reivindicações que foram levadas às ruas das cidades brasileiras no ano passado
não foram esquecidas, continuaram, mas perderam força.
Na Copa do Mundo os atos de protestos não têm surtido o
mesmo efeito. Os manifestantes conscientes, que usurpam a ingenuidade daqueles
que os acompanham, não esperavam por isso.
Poucas centenas de pessoas têm participado dos protestos, que ocorrem
simultaneamente aos jogos.
O brasileiro prefere cantar o hino nacional, ao menos a
primeira parte, em casa ou no estádio do que depredar patrimônio público. Esta
é a dimensão do sentimento coletivo momentâneo no país. O resto é manobra
isolada e sem efeito social.