“A ciência descreve as
coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são”, Fernando
Pessoa.
Talvez este, de fato, seja
único. Se não for... É mais um. Assim nasceu o Artefato, com a proposta de
divulgar a arte, literatura, educação e cultura do Espírito Santo, sem perder,
é claro, aquela pitada de filosofia que norteia a análise do ato.
Como disse Maria Rira Kehl, "o
melhor que um psicanalista pode fazer, na imprensa, é quase idêntico ao melhor
que pode fazer um jornalista bem vocacionado: investigar. A diferença está no
instrumental de que cada um dispõe, e não no destino do texto. Investigar a
história (marxismo), os “fatos” (jornalismo), as motivações e/ou as
consequências silenciadas de um fato (psicanálise)".
Para tanto, uso a
psicanálise como método de garimpo. Este é o objetivo da coluna. É um espaço dedicado
a quem faz arte!
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Mulheres
que correm com os lobos
Parece contraditório
parabenizar uma mulher num dia que nasceu como símbolo de combate às injustiças
contra elas. Mas, a data, hoje, é sinônima de carinho e admiração, ao menos
para mim.
O Dia Internacional da
Mulher não serve para lembrar aos homens a grandiosidade das mulheres. Nós já
sabemos disso. Uso como desculpa esfarrapada para dizer abertamente quanto às
admiro, em especial, as que fazem parte da minha vida e me ensinam cada dia ser
uma pessoa melhor.
Dessa forma, escolhi três pensadoras contemporâneas (assim represento todas) e que estou enamorado há anos. Meu caso com elas é, às vezes, complicado, mas simples quando compreendido. Uma coisa é certa: não me abandonam. Estão sempre lá quando preciso. Na minha estante:
Marcia
Tiburi
Filósofa. Publicou diversos livros de filosofia. O meu,
de cabeceira, é “Sociedade Fissurada”. Como escritora, já participou de
diversos eventos literários, entre eles a Jornada Literária de Passo Fundo, a
Fliporto, o Festival da Mantiqueira, a Tarrafa Literária de Santos, as Bienais
do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, Espírito Santo, as feiras de
Ribeirão Preto, de Porto Alegre, de Santa Maria, a Panamazônica de Belém, e
diversas outras.
Escreveu para várias
revistas e jornais e desde 2008 é colunista da Revista Cult.
É professora do Programa de
Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade
Mackenzie, professora convidada da Fundação Dom Cabral. Realiza palestras sobre
filosofia, ética e educação e temas relacionados.
Maria
Rita Kehl
Psicanalista, doutora em psicanálise pela PUC de São
Paulo, poeta e ensaísta. É autora de vários livros, entre os quais se destacam “Videologias
– Ensaios sobre televisão” e “O tempo e o cão”, um dos meus favoritos e
ganhador do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Não-Ficção 2010. Colabora para o
Blog da Boitempo esporadicamente.
Elisabeth
Roudinesco
Psicanalista que ocupa uma posição de
destaque na história das ideias na Europa. Antes dela, nenhum historiador foi
capaz de fazer do intrincado percurso da doutrina freudiana a matéria-prima de
best-sellers como História da Psicanálise na França (Jorge Zahar, 1989) e
Jacques Lacan – Esboço de uma Vida, História de um Sistema de Pensamento
(Companhia das Letras, 1994). Roudinesco consegue ser clara com erudição,
precisa com curiosidade pelo pitoresco, reflexiva com desprezo pela ortodoxia
acrítica. Em suas obras, pode-se travar contato com os grandes debates que
servem de pano de fundo para a implantação da psicanálise entre os franceses
por meio de uma prosa leve como conversa ao redor da mesa de jantar.
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Novidade
no ar, vamos Celebrar!
Tudo pronto para o
lançamento do Multicanais Celebrar ES! Uma equipe sensacional se reuniu na
quarta-feira para um bate-papo descontraído com a idealizadora do Projeto, a
Maquiadora Cíntia Mattos, e a equipe da Agência Elementar, Ana Raquel e Cleide
Prado. Para completar o “timaço”: Regina Monteiro, Ana Paula Sabadini, Paulinha
Garruth, Adriana Benincá e Maria Elvira Tavares Costa!
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Mostra
de tecnologia e artes
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Segunda
opinião:
VESTIDA
DE LIBERDADE
A
menina estava vestida com a sua própria liberdade, mas só depois pôde vê-la
por Sarah Camilo*
Olhem o vestido dela! Está
cheio de corujas! Gritaram as crianças. A menina assustada olhou para o seu
vestido com cara estranha. Cara de interrogação! E se questionou
silenciosamente: O que é que tem as corujas do meu vestido? E completou: elas
são tão quietinhas. Bom, mas essa menina, não sei o seu nome, voltou para casa
encucada com as corujas e com o espanto das outras crianças.
No carro, silenciosa a
pensar. Sua mãe até achou estranho, pois ela é faladeira de costume.
Fala, fala, não respira e fala mais um pouco. Então, preocupada a mãe
perguntou: Você está bem, minha filha? A menina só balançou com a cabeça, sim! Obviamente
o vestido foi lavado, mas a essas alturas do campeonato a menina já até
esquecera que tinha um vestido cheio de corujas.
Certo
dia, a família marcou de se reunir para uma festa de aniversário e a mãe pediu
para que a menina pegasse o vestido com corujinhas, pois seria esta a
vestimenta para a tal festa. Aí a menina subitamente gritou: O vestido de
corujas!!!!! Correu ao seu quarto e abriu ofegante a porta de seu guarda-roupa
para pegar o vestido. Para a sua enorme surpresa o vestido não estava lá, o que
encontrara era apenas um vestido branco. Ou estava? Pensativa desabafou com a
mãe: mamãe, o vestido não está lá. Não sei onde está! A mãe insistiu:
coloquei-o no cabide ontem mesmo. Está lá sim!
Pacientemente, virtude que
não lhe pertence, a menina olhou novamente dentro do guarda-roupa. Para a sua
enorme surpresa e espanto viu uma pequena coruja no cantinho do guarda-roupa.
Olhou para um lado e para outro para certificar-se de que não fora alguém que
colocara aquela coruja lá. Olhou de novo. Apavorada deu um grito: AAAAAAAA! Da
sala sua mãe perguntou: Aconteceu alguma coisa? A menina, espertamente
respondeu: Nada não mãe, foi só um susto! Curiosa que é resolveu retirar todas
as roupas e procurar peça por peça. Bem devagar fechou a porta do quarto.
Queria resolver isso sozinha. Ficou parada em frente ao guarda-roupa, como se
fosse desvendar um grande mistério.
Respirou fundo. Abriu as
duas portas. E quando de repente seu quarto é invadido pelas corujas! Pasma, a
pobre menina ficou de boca aberta e sem reação. As corujas não paravam de bater
as asas. Batiam! Voavam! Batiam! Voavam! Como que suplicando a liberdade! A
menina, corajosamente, foi até a janela. Abriu-a e deu liberdade às corujas que
estavam presas em seu vestido. Chorava, chorava muito. Não com sentimento de
tristeza por seu vestido não ter mais nenhuma coruja, mas por ter conhecido e
visto com seus próprios olhos a alegria da liberdade! Mesmo criança, talvez a
voz de Deus sussurrasse em seus ouvidos: Filha, você também pode ser uma
coruja. Voe o mais alto que puder e seja livre!
*Formada
em Letras, pela Multivix Serra, professora e blogueira.
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