sábado, 6 de junho de 2015

A favor da redução da “insanidade mental”


"Se não vejo na criança, uma criança, é porque alguém a violentou antes; e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado", Betinho.

A redução de desigualdades no Brasil e na América Latina não levou a redução da violência. O diagnóstico: menor desigualdade tende a menos violência.  É, na verdade, um equívoco grotesco.

Atribuir aos menores a culpa pelos altos índices de criminalidade e assim afirmar que a redução da maioridade penal (termo totalmente equivocado, além da ideia em si) seria a solução para todos os problemas sociais e de segurança é um grande engano.

Se analisarmos de perto os índices de criminalidade vamos notar que o quantitativo para que se mude uma lei federal é ínfima, sem falar (voltando ao termo) que o correto seria redução da menor idade penal, pois qual é a maior idade penal? Não seria (contradizendo os dicionários e pesquisas no google) a idade máxima para o sujeito ter responsabilidade criminal?

Um texto divulgado recentemente pelo Ministério da Justiça, por exemplo, destaca que "menores cometem 0,9% dos crimes no Brasil" e que o "percentual é ainda mais baixo quando considerados homicídios e tentativas de homicídio: 0,5%". O texto traz declarações de ministros contra a proposta e ainda de artistas, como Fernanda Takai, vocalista da banda Pato Fu, e da Unicef.

Sobre a interrogação se o homem é produto do meio, creio que somos influenciados sim por tudo que nos cerca (religião, família, amigos, cultura...), porém a sociedade não cria o individuo ou molda este de forma literal, na verdade o comportamento de uma pessoa é que molda uma sociedade, um grupo social é fruto de comportamentos individuais.

Voltando a questão da grotesca "redução da maioridade penal" no Brasil, diversas entidades que compõem o Fórum de Psicologia e a Associação Psicanalítica do Estado do Espírito Santo (Apees) convergem para o mesmo raciocínio e juntas resgatam o pensamento do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho: "Se não vejo na criança, uma criança, é porque alguém a violentou antes; e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado".

“As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e, consequentemente, nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão”, trecho dos 18 motivos contra a redução.

O texto também afirma que reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade, além de isentar o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço às políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta.

É, no mínimo, insano modificar uma lei com base em dados inexpressivos. Forjados em falácias e palanques. Hoje, as crianças já estão atrás das “grades” da escola. Sem muros, mas para cada corredor um cadeado cerca seu caminho.

Para alguns politiqueiros, negro, pobre, gay ou menor, antes das eleições, são bandidos. Resta quem no Brasil? Maioria? Tenho cá minhas dúvidas...

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Estágio deve ser remunerado
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) no mês passado projeto para determinar que todos os estagiários recebam bolsa ou outra forma de contraprestação, independentemente do tipo de estágio. O argumento é que a Lei dos Estágios (11.788/2008) faz uma série de distinções entre os estágios não obrigatórios e os obrigatórios (cuja carga horária é exigida para a conclusão de alguns cursos técnicos ou de graduação, por exemplo). Nestes, é possível não ocorrer qualquer pagamento. Na opinião do senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto de lei, essa prática é discriminatória e poderia levar à exploração da mão de obra de estudantes cujos cursos incluem a obrigatoriedade de realização do estágio.

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Psicanálise e toxicomania
O tratamento analítico em dependência química é orientado pela ética. Ela diferencia a proposta da psicanálise em relação às demais existentes para o uso de drogas. Isso porque se trata, em psicanálise, do desejo, conforme pesquisa sobre a clínica psicanalítica das toxicomanias de Cynara Teixeira Ribeiro e Andréa Hortélio Fernandes. A singularidade de cada sujeito, não se insere, portanto, na lógica do generalizável.

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Só Jesus!
Na moita, o Congresso aprovou mais isenção fiscal às igrejas. O benefício divino pode garantir anulação de R$ 300 milhões em impostos. A medida beneficia entidades que pagam comissões aos pastores que arrancam mais lãs de suas ovelhas.

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Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos

Zygmunt Bauman fala na obra sobre a prioridade a relacionamentos em 'redes', as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade - e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual -, faz com que as pessoas não saibam mais manter laços a longo prazo. (...) talvez seja por isso que, em vez de relatar suas experiências e expectativas utilizando termos como “relacionar-se” e “relacionamentos”, as pessoas falem cada vez mais (auxiliadas e conduzidas pelos doutos especialistas) em “conexões”, ou “conectar-se” e “ser conectado”. Em vez de parceiros, preferem falar em “redes”.(BAUMAN, 2005, p.12)

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Na lista dos mais vendidos

A obra “Pare de acreditar no governo”, do cachoeirense Bruno Garschagen, lançado oficialmente no dia 03 de junho na Livraria Saraiva em Vitória, logo nos primeiros dias saltou entre os livros mais vendidos do país. De fácil entendimento, como o próprio autor diz em entrevista, o livro foi proposto em forma de projeto ao editor Carlos Andreazza (da Editora Record) numa conversa informal. “Eu tinha o assunto e parti do título, que resumia o objeto daquilo que eu queria investigar”, revela.

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Curtas!
+ Academia Cachoeirense de Letras (ACL) elege nova diretoria para o biênio 2015/2017.
+ Judô Clube Cachoeiro (JCC) completa 25 anos no mês de junho.
+ Nota sobre psicanálise e toxicomania merece ser desenvolvida.
+ Semana que vem sem coluna.
+ Titular em capacitação pela Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas (Febract), em Campinas-SP.
+ Até a volta!