“É bom lembrar que
devemos ter cuidado num mundo multifacetado, multicultural e multidiverso. Por
isso, não podemos nos fechar em grupos exclusivos – só católicos, só gays, só
muçulmanos -, o que leva à política do gueto e dilui a ideia de humanidade”, Mario
Sergio Cortella.
Encontrei, em minhas navegações, a melhor definição para o
título. “Macacos me mordam” seria um termo de origem desconhecida, mas há a
hipótese que passou a ser a tradução tosca da expressão inglesa "Well,
blow me down" (Bem, funda-me para baixo) dita pelo marinheiro Popeye. E
isso não tem nada a ver com a espinafrada que as minorias sofrem diariamente.
Os seres humanos são animais amorosos embora tenham esquecido.
Em tempos de “crise”, morder e atacar os que consideram diferentes é a nova
guerra do fogo. Teríamos regredido na cadeia evolutiva?
A descoberta do Homo
Naled pode ter algo a ver com tudo isso, afinal, a nova espécie possui cérebro do
tamanho de uma laranja, igual a do “homo stultus” (estúpido) encontrado aos
montes em pleno século XXI. Já que a idade dos fósseis do Homo Naled ainda não
foi comprovada, tem muito primo de orangotango hoje com bagaço na cabeça.
Os movimentos, feministas, de gays e lésbicas ou
antirracistas, foram responsáveis pela garantia do debate com intuito de reduzir
a marginalização destas minorias pela parte moralista da população. Embora um
animal, raras as vezes, racional, o homem é um símio medroso, pois, já dizia o
filósofo Mario Sergio Cortella, todo preconceituoso é covarde.
Em artigo publicado na Boitempo, Flávia Biroli, professora
do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, ressalta que a violência,
principalmente contra a população homossexual, se ancora no entendimento de que
existem formas corretas de amar.
Como se o afeto fosse algo controlável e dogmatizado. Ao
contrário, o afeto não é fossilizado. Liberdade, para Spinoza, é a capacidade
de compreender a razão pela qual nossas paixões são produzidas.
A ignorância e a superstição, em contrapartida, nos mantém
escravos da ordem da natureza e o mal-estar da civilização é a intolerância e o
discurso ignorante. Na realidade, a retórica da heterossexualidade peca na
unificação do que não é uno.
É claro que tudo que é novidade e diferente é visto com
temor pela sociedade, dificultando a evolução e o crescimento cultural de um
povo. Acontece que tapamos o sol com a
peneira há milênios.
A questão da homossexualidade deve ser tratada como qualquer
outra. Até porque, a diversidade humana supera o delírio de homogeneidade. As uniões (sejam homoafetivas ou não) estão relacionadas, pela condição heterogênea da espécie humana, mais com os aspectos sociais do que psíquicos.
Freud,em 1935, em
resposta a preocupação de uma mãe, deixa clara sua visão de que a
homossexualidade não é doença:
“Muitos indivíduos altamente respeitáveis de tempos antigos e
modernos eram homossexuais, vários dos maiores homens entre eles. (Platão,
Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc). É uma grande injustiça perseguir a
homossexualidade como crime - e crueldade também”.
A crueldade é coisa de quem é mentalmente incapaz de sentir
algo pelo outro ou sente prazer com sofrimento alheio. Infelizmente, a maldade,
seu sinônimo, é comum nos animais bípedes doentes, intolerantes e puritanos.