quinta-feira, 26 de maio de 2016

Quem é a vítima? A política?

“A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”.

A repercussão da matéria intitulada "Idosos podem ir para rua em Mimoso", assinada por mim, causou um certo desconforto por parte da chefe do executivo do município. O compromisso da matéria jornalística é com os fatos, nada mais além disso, muito menos ataque pessoal como tentou se vitimizar em postagem mais recente. Não esqueçamos que as vítimas são os idosos, deficientes e também os colaboradores.

Reitero que demitir os funcionários das casas lares será a primeira ação, caso não haja acordo entre as partes. Este tipo de sugestão não é maldosa, muito menos politiqueira, até porque, volto a repetir, não tenho nada pessoal contra a prefeita, apenas relato os fatos e as angústias dos colaboradores da AATR.

Sabemos que a municipalização dos serviços de saúde vem sendo feita sem uma participação efetiva do estado no financiamento, e sem uma política de cooperação e apoio técnico aos municípios, particularmente aos de pequeno e médio porte, que acabam ficando privados de exercer um bom serviço ou quase nenhum de alta complexidade.

Os repasses para os municípios são insuficientes. Então dizer que a prefeitura vai assumir a gestão dos serviços é uma ação, como diz o post dirigido à crítica ao texto publicado, "politiqueira" ao estilo Maria Antonieta (rainha que perdeu a cabeça na Revolução Francesa). 

A intenção pode até ser boa, mas está longe de ser a mais racional, uma vez que a própria municipalidade procurou a entidade para gerenciar os cuidados com os idosos que não tinham para onde ir quando a intervenção dos asilos foi realizada.

Assumir um trabalho sem condições para mantê-lo é, no minimo, irresponsável. Podendo sim acarretar num serviço aquém do realizado pelo projeto Reviver e com grandes possibilidades dos idosos e deficientes assistidos irem para a rua.

Eu disse "possibilidade" não afirmei, em momento algum, que o término do convênio com a entidade acarretaria tal tragédia. Mas, a possibilidade disso acontecer beira os 80%.

Quantas vezes, nós jornalistas, somos vilipendiados por detentores de mandatos que se fazem de vítima por tomarem decisões equivocadas ou não cumprirem com compromissos firmados.

Lamento se o texto, baseado todo na postagem anterior da própria prefeita, não agradou. Afinal, “jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”, George Orwell.