“Os livros não mudam o Mundo, quem muda o Mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”, Mário Quintana.
Cada vez mais ignoramos o que está à volta e preferimos
encher o pirão do ego primeiro. Vivemos isolados da violência, por isso os
cliques nas tragédias jornalísticas são os mais acessados nos portais de
notícias.
Muitos que vivem em áreas isoladas (condomínios, edifícios e
até casas gradeadas com sistema de segurança e vídeomonitoramento) não
representam talvez o verdadeiro polo oposto daqueles que vivem nas favelas e nas
ruas? Seriam duas classes? Não. Eles representam as duas faces da mesma moeda,
os dois extremos.
Os primeiros não reconhecem os problemas na palma do nariz,
mas querem dar opiniões a respeito de tudo. Os segundos sofrem as consequências
do descaso ou do próprio Gozo (entenda como quiser, porém é melhor pesquisar a
noção em psicanálise) no qual sucumbiu.
O elo (perdido) entre estes dois sujeitos é, nada mais, que
a hipocrisia. É mais fácil fechar os olhos para os problemas da esquina e
depois, para desencargo de consciência, financiar uma ONG de proteção ao meio
ambiente. Nada contra, mas deveríamos fazer os dois.
“Sou eu, tal qual resultei de tudo” – escreve Fernando
Pessoa. Uma caminhada única para encontrar no homem coletivo (referência ao
contrário que Zizec chamou de homem global) um passo à frente. Uma leitura
nova, um querer fazer pelo outro.
Não estou dizendo que muitos não fazem conscientemente.
Alguns não sabem que querem ou estão alienados em seu próprio universo
ideológico.
Podemos, finalmente, dizer que é permitido saber. Saber que
meu vizinho tem um problema e comprometer-se plenamente a ajudá-lo. Não espere
chegar dentro da sua casa o que você ignorou por anos e que estava ao seu lado.
Batendo à sua porta... Gradeada e com olho mágico. Adianta ter tudo isso?