A depressão hoje é um dos problemas mais comuns e também
um dos mais graves, que vêm sendo vivenciados por uma parcela bastante
significativa da população, gerando sérias implicações que podem afetar as
relações pessoais, o trabalho, o relacionamento amoroso e consequentemente
levar à solidão.
Histórico
“A palavra depressão origina-se do latim e é composta de
duas outras palavras: “de” (baixar) e “premère” (pressionar), isto é,
“deprimère” que, literalmente, significa “pressionar para baixo”. Ela é
conhecida há muito tempo, inicialmente como loucura, melancolia, mania, fúria
divina, possessão, bruxaria, tristeza, demência, psicose. Até se chegar ao
Transtorno Depressivo um grande caminho foi percorrido paralelo a história da
nossa civilização.
Atualmente, predominam as explicações apoiadas nos
neurotransmissores como, por exemplo, a diminuição da serotonina e dopamina no
cérebro do portador de depressão; esses neurotransmissores estão intimamente
ligados às emoções.
OMS
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
depressão pode ser classificada como um grande problema de saúde pública,
estando entre a quarta de todas as doenças onerosas, haja vista as conseqüências
causadas ao individuo, podendo levar até o suicídio.
Essa patologia, chamada atualmente de “o grande mal do
século” é considerada um transtorno de humor, que precisa ser identificado e
tratado. É um transtorno mental bastante comum nos dias de hoje, somente na
América Latina existe estima-se que 24 milhões de pessoas sofram da doença.
Essa patologia pode afetar qualquer tipo de pessoa, porém
algumas estão mais predispostas do que outras. Existe uma grande dificuldade
para diagnosticar a depressão no indivíduo, pois alguns sintomas depressivos se
assemelham com outras patologias.
Subtipos da
Depressão
Muitos são os sintomas da depressão, mas nem sempre os
mesmos são de fácil reconhecimento e por isso podem ser confundidos com outras
patologias. Para esse autor, os
principais sinais e sintomas da depressão são: sentimentos tristes e
melancólicos; perda de interesse por atividades consideradas agradáveis
anteriormente (como sexo ou outras atividades); dificuldade para dormir ou
excesso de sono; agitação ou retardo psicomotor; sentimento de cansaço ou
indisposição; sentimento de inferioridade ou culpa; dificuldade de
concentração, organização do pensamento, memória ou dificuldade tomar decisões;
pensamento de morte ou suicídio.
O psiquiatra e psicanalista Ulisses Santos classifica a
depressão, em relação aos níveis, como leve, moderada e grave. Na depressão leve o paciente apresenta
sintomas como humor deprimido, anedonia, falta de energia, porém ele não para
suas funções completamente. Na depressão moderada os pacientes exibem os mesmos
sintomas, porém já apresentam dificuldades em executar suas funções. Na
depressão grave, aparecem os seguintes sintomas: humor deprimido, anedonia,
falta de energia, considerável inquietação e agitação, ou retardo psicomotor,
podendo cursar com sintomas psicóticos, como delírios e alucinações.
A combinação dos sinais e sintomas depressivos dá origem
a alguns subtipos como: distimia, depressão atípica, melancólica ou endógena,
psicótica, estupor depressivo, agitada ou ansiosa, secundária orgânica.
Classificar a depressão em subtipos é importante, pois os variados quadros
clínicos da depressão diferem quanto ao curso e ao prognóstico, assim como
apresentam respostas diferentes aos tratamentos.
Tipos de
Depressão:
Distimia: É
considerado como uma depressão crônica, muitas vezes de intensidade leve, que
dura por muito tempo. Geralmente tem início no começo da vida adulta e
normalmente persistem por vários anos. Os sintomas mais comuns deste tipo de
depressão são dificuldades de tomar decisões, diminuição da auto-estima, mau
humor crônico, fadigabilidade aumentada, irritabilidade e sentimento de
desesperança, dificuldade de se concentrar e tomar decisões. Esses sintomas
estão presentes de forma interrupta, por um tempo de pelo menos, dois anos.
Atípica: É um
subtipo de depressão que acontece em episódios depressivos de intensidade leve
e grave, em transtorno unipolar e/ou bipolar. Os sintomas são: aumento do
apetite e/ou ganho de peso, reatividade do humor aumentado (quando existem
resoluções positivas ele melhora caso contrário o indivíduo piora muito
rápido), fobias, sensibilidade exacerbada quando se trata de indicativos da
rejeição e hipersonia.
Melancólica ou
endógena: É um tipo de depressão prevalecem os sintomas endógenos,
independentes de fatores psicológicos. São eles lentificação psicomotora,
demora em responder as perguntas, anedonia, ou seja, incapacidade de sentir
prazer, alterações da diminuição de latência do sono REM e principalmente
insônia terminal, perda do apetite, entre outros. Existe a tristeza vital,
ideação de culpa e hiporreatividade geral.
Psicótica: É
uma depressão grave, além dos sintomas depressivos existem sintomas psicóticos,
como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos e
alucinações.
Estupor
Depressivo: É uma situação grave depressiva, onde o individuo costuma
permanecer na cama ou sentado por um longo período, em estado de catalepsia,
que exprime com ausência de respostas, recusa alimentar, muitas vezes o
individuo urina e defeca no local de permanência, podendo também desidratar e
morrer por complicações clínicas como pneumonia, insuficiência pré-renal e
desequilíbrio hidroeletrolítico.
Agitada ou
Ansiosa: É uma depressão na qual o indivíduo apresenta forte ansiedade e
inquietação psicomotora, queixa-se de intensa angústia associados com outros
sintomas depressivos, insônia, estão sempre irritados e não conseguem parar
quietos, desesperando-se. Nos casos graves, existe sério risco de suicídio.
Secundária ou
Orgânica: É considerada uma síndrome depressiva muitas vezes associada a
uma doença ou um quadro clínico somático, sendo ele sistêmico e principalmente
cerebral. Doenças ou síndromes como hipertireoidismo, hipo ou hipertireoidismo,
lúpus eritematoso sistêmico, doença de Parkinson e acidentes vasculares
cerebrais (AVCs), apresentam com bastante frequência quadro depressivo, que muitas
vezes fazem parte da própria condição patológica, quando o AVC ocorre no lado
esquerdo e mais próximo do pólo frontal desencadeando depressões secundárias
freqüentes.
Tratamento da
Depressão
Atualmente o tratamento adequado da depressão é feito através
do tratamento farmacológico aliado ao tratamento psicoterápico.
A medicação psiquiátrica é parte indispensável no
tratamento, e a psicoterapia é de fundamental importância como apoio e auxílio
no tratamento do portador de depressão. Deve-se, portanto, trabalhar
conjuntamente em busca do êxito e da melhora do paciente.
É praticamente consenso entre os especialistas de que a
associação entre medicamentos e psicoterapia é a maneira mais eficiente para o
tratamento da depressão. Até porque, em muitos casos, a doença é uma
conseqüência de dificuldades internas em lidar com a dor, a perda e as
dificuldades cotidianas.
A priori é necessário um diagnóstico para detectar o tipo
de depressão e então iniciar o tratamento farmacológico, que geralmente se faz
com o uso de medicamentos antidepressivos. A história clínica e psiquiátrica do
paciente é colhida através de uma anamnese, para que a partir disso se possa
escolher o melhor antidepressivo para o caso.
O tratamento psicoterápico é uma das intervenções do
campo de Saúde Mental, feito em parceria com o próprio paciente, na qual se
busca observar, analisar e tentar ajudar na melhora de qualidade de vida dos
sujeitos acometidos pela depressão. Tem-se como objetivo acolher e ajudar uma
vida que muitas vezes está paralisada e não é mais capaz de encontrar saída, ou
a encontra através do suicídio.
O tratamento por medicamentos antidepressivos são usados
com o intuito de controlar ou reverter parcialmente às alterações bioquímicas
presentes no cérebro. No tratamento antidepressivo é necessário entender de uma
forma mais global, tendo em vista o ser humano como um todo.