segunda-feira, 25 de julho de 2016

Escritores falam sobre desafios da literatura


"O escritor é alguém que permite que as palavras tornem-se uma orquestra da qual ele é o maestro", professor David.

Nesta segunda-feira (25) comemora-se o Dia Nacional do Escritor. Com o advento da internet e redes sociais, eles ganharam vários espaços para publicação. Contudo, há os que defendem, incondicionalmente, os livros impressos. Seria necessário, então, buscar novos meios de manter a literatura viva nas novas gerações e permear a necessidade de ler livros? Ou a internet cumpre este papel? Com a palavra especialistas no assunto:

Segundo a jornalista e cronista Anete Lacerda, as redes sociais democratizaram tanto a escrita quanto o acesso à leitura. Mas também abriram espaço aos que escrevem apenas para si mesmos, para suprir vaidades e egos. E se o escritor não alcança o coração do leitor, seja ele real ou virtual, que validade terá sua escrita? Questiona.

“Creio que os livros impressos interagem com as novas mídias. Leio de qualquer jeito, mas o cheirinho das páginas novas de um livro não tem preço. Para mim, torna a leitura muito mais prazerosa. Mas dizem que estamos na época da convergência. Então que venham os livros,  sejam eles impressos ou virtuais”, completa Anete.
  
De acordo com a escritora Marilene Depes, que é membro da Academia Cachoeirense de Letras (ACL), os livros impressos são como algo familiar.

“Aqueles com os quais tenho maior afinidade ficam na cabeceira e estão cobertos por grifos. Quanto a mídia virtual sou totalmente favorável porque atinge mais os jovens.

Para Marilene, o importante é a leitura, seja lá onde ela se apresente. Ela diz que o livro impresso não inviabiliza o virtual e vice-versa.

A cronista Paula Garruth fala: “escrevo para não morrer sufocada do meu silêncio. Ou não engasgar com as dores e alegrias minhas, do outro ou as que somente imagino. No papel ou no mundo virtual, não importa. Importa sim atingir o meu leitor e fazer, de alguma forma, ele enxergar com os meus olhos”.

O escritor e membro da Academia de Artes e Letras de Marataízes, José Carlos Gualberto, ressalta que é preciso dizer que o advento da internet no mundo tornou-se uma grande necessidade de uma sociedade cada vez mais globalizada e refém da comunicação na grande rede.

“Porém, uma constatação  sobre o tema nos reporta à necessidade de se manter viva a leitura nos livros, trata-se dos comodismos linguísticos, cujo linguajar ‘internetês’ infiltrado na necessidade da comunicação cada vez mais rápida e dinâmica tende a ignorar as grafias corretamente escritas nos livros causando um vício grave na escrita”, alerta.

Para o escritor, tudo isso tem feito com que as linhas dos cadernos de redação nas escolas ganhem erros absurdos oriundos das manias gráficas lançadas nas comunicações em redes sociais

“É preciso, portanto, buscar metodologias modernas para que não percamos o gosto, mas, sobretudo, o poder da leitura dos livros”, finaliza José Carlos.


O dia

O Dia Nacional do Escritor surgiu em 25 de julho de 1960, através de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, quando ambos realizaram o Primeiro Festival do Escritor Brasileiro, que foi organizado pela União Brasileira de Escritores.

O presidente da Academia Cachoeirense de Letras (ACL), David Alberto Lóss, ressalta neste dia que os escritores são aquelas pessoas cujo talento e sensibilidade lhes permitem gritar ao mundo enquanto estão bem. Dizer, mesmo que não seja para ninguém quando algo lhe fere. O escritor tem o prazer e a satisfação de compartilhar com alguém o que pensa.

O escritor é alguém que permite que as palavras tornem-se uma orquestra da qual ele é o maestro.


Incentivo

O Brasil conta com mais de trinta projetos de incentivo à leitura, bem como diversas bibliotecas públicas e com acervos riquíssimos. O Plano Nacional do Livro e Leitura é um dos projetos mais importantes no meio literário, pois, ele oferece apoio a novos escritores, defende os direitos autorais, investem em traduções, além de outros benefícios para os Escritores e para a literatura brasileira como um todo.

No Espírito Santo, os editais da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) contempla obras literárias. Em Cachoeiro de Itapemirim, a Lei Rubem Braga cumpre esta finalidade. 25 obras foram publicadas até o ano passado, de acordo com a Secretaria Municipal de Cultura.

A prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim abriu, no início do mês, novo edital da Lei Rubem Braga, para financiamento de projetos culturais. As inscrições podem ser feitas até o dia 12 de agosto, na sede da Secretaria Municipal de Cultura, na praça Jerônimo Monteiro (Centro), de segunda a sexta, das 8h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00.


As propostas inscritas serão avaliadas por acadêmicos e membros reconhecidos da classe artística capixaba. O edital completo foi publicado no Diário Oficial do Município no dia 28 de junho, que está disponível no site www.cachoeiro.es.gov.br. Mais informações: (28) 3155-5334.