“No fundo, a loucura de final de ano apenas potencializa a loucura que já estava lá, encoberta pela nuvem do esquecimento e da ocupação”, Christian Dunker.
Não há como
escapar das “loucuras” do final de ano. Pequenas ou exageradas.
Pessoas instáveis emocionalmente tendem, em mudanças, vivenciar
angústias de diversas maneiras. Ansiedade, estresse, depressão,
compulsão... São alguns sintomas que variam de acordo com cada
sujeito.
Generalizar é
perigoso. Mas também é uma das loucuras listadas aqui. Ao menos de
minha parte. Evito ao máximo fazer isso, mas, como estamos no final
de 2016 (nem Freud explica este ano), me permito cometê-la em
dosagem – sem tarja - controlada. A generalização faz parte,
talvez, do grupo de sintomas da Síndrome do Ano Novo.
Certa vez, numa das
edições da revista Psique Ciência & Vida, no qual sou
colaborador, li uma entrevista interessante com a psicanalista Lea
Waidergorn. O texto dizia que no consultório psicanalítico, neste
período, predominam frases como: "Odeio festas", "não
gosto do final de ano", "muita gente na rua comprando",
“isso me irrita”. E desde a leitura, há alguns anos vivencio na
prática este mal-estar dos pacientes que manifestam repulsa pelas
festas.
Alguns até fazem da
reunião familiar um suplício. Entre os psicanalistas, o que mais
ocorre é uma piada antiga: “Festas de fim de ano equivalem ao
Seminário 10 de Lacan (Angústia)”.
E aos 45 do segundo
tempo, na véspera, nos deparamos com o peso de nossa própria
consciência que insiste na retrospectiva moral, financeira e
possíveis conjecturas. O popular “balanço” do que foi o ano.
Automaticamente propomos metas que não serão cumpridas no próximo.
Isso, por culparmos os outros por nossas próprias falhas e/ou
fraquezas. Se não consegui foi por causa de fulano ou de alguma
circunstância ou falta de condições... Nunca a culpa do próprio
martírio é nossa. Sempre o outro é o vilão da história.
Mas, para
cada coisa, cada sintoma da Síndrome do Ano Novo, tem um jeito.
Único. Conviver da melhor forma possível com a manifestação da
loucura acumulada durante o ano. Viver é conviver com isso para,
então, experimentar, mesmo com o desconforto inicial, a novidade.
Não se preocupe. A
gente se acostuma. E até o final do próximo ano muita coisa, boa ou
ruim, vai acontecer e aparecer no momento exato do salto no trampolim
com 365 metros de altura.
Supere. É tempo de
viver o novo!