segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Escrevo, ponto e pronto




“Não há gratidão maior daquele que reconhece que foi salvo”, Renilmar Fernandes.

* por Roney Moraes

Algumas coisas são difíceis de explicar. Na antiguidade (em muitos casos até hoje) eram criados mitos para adestrar o que não estava na esfera da compreensão humana. Queria eu usar uma mitologia agora para tentar expor o que estou sentindo, embora ninguém mais cultue os deuses greco-romanos e ao menos estes pertençam a uma teologia, eles permanecem intocáveis na arte e até na nomenclatura de algumas síndromes psicanalíticas. Neste caso, um turbilhão de emoções quer sair numa catarse presa apenas pela corda vocal da timidez. Elas arranham a garganta.
Aqui é fácil. Escrevo, ponto e pronto. São tantas as coisas que queria dizer a inúmeras pessoas que este artigo vai beirar um jabá! Que se dane o protocolo e me desculpem os esquecimentos, mas alguns amigos merecem muito mais do que eu, as honrarias que recebi nas solenidades da Câmara Municipal de Cachoeiro, na Academia Cachoeirense de Letras (ACL), nas mensagens carinhosas via internet, na rua, chuva e na fazenda (sítio Reviver, para ser mais claro).
Um ano especial esse tal de 2012. Mesmo com a interpretação apocalíptica de Manoel Manhães, que começa, por sinal, com o título de cidadão cachoeirense ao tricolor Valério Depollo, à meia noite de dezembro vou desejar um “Feliz ano velho”, como nas lembranças de Marcelo Rubens Paiva. Um bom filme já diz tudo, não é Villinevy?  “Melhor impossível”. Sem TOC de Jack Nicholson, por favor. Mas o esquisito é normal. Aliás, quem é normal? Chega de filosofar e vamos ao que interessa...
Modéstia à parte, eu sou de Cachoeiro, mas reconheço que sucumbi à sedução de outras três cidades que são importantes para minha vida. A infância com meus pais em Santa Tereza... É automático! Ouço algo, tipo discoteca e as imagens são como um filme. Lembro da casa atrás de um bar com fogão à lenha nos fundos e depois a mudança para “casa amarela”. No jardim de infância eu nunca era o Ultraman. Acho que por motivos óbvios. Um ponto escuro no meio de tantos alemãezinhos... Sem ofensa. Era diferente, e sou até hoje.  
Já Marataízes é meu segundo lar. Tenho admiração e grandes amigos na Pérola Capixaba como Cléber, Adriano e agora Bárbara. Todos têm a paciência e a delicadeza de ler e publicar meus textos. Quantas vezes o Veleiros foi palco dos meus acordes desafinados na ousadia alcoólica de quem imaginava ser um profissional da gaita. Hoje, como Nelson Rodrigues, prefiro as vaias sóbrio. Essas sim são sinceras.
Em Mimoso do Sul aprendi, na prática terapeutica, a ser um analista com toda insistência da equipe técnica da Casa Reviver, apesar de ser um chato, muitas vezes antipático e descrente. Estava redondamente enganado. Jamais vou esquecer as participações no programa Momento Reviver na Rádio do município.
Volto a Cachoeiro entro no circuito cultural. Chego e logo começo a escrever, por intermédio de Wagner Santos, e atender socialmente na Paróquia Nossa Senhora da Penha (BNH), além de dar aulas. Quando me dei conta estava participando da Bienal Rubem Braga, com direito a tietagem e tudo mais. Vi, de perto, a equipe da Secretaria de Cultura se desdobrar para no final chegar à perfeição de um origami. Paulinha Garruth sou seu fã!
Mais de perto com os queridíssimos Alcélio e Regina Monteiro, pude perceber o quanto Marilene Depes é um espetáculo. Foi um dos melhores presentes que recebi este ano. Uma pessoa fora de série. Falando francamente! Entre elas, mais uma tropa de elite, conseguimos eleger o jornalista Sérgio Garschagem cachoeirense ausente nº 1.
Para dizer que não falei das flores, com o incentivo de grandes amigos como o da melhor cronista da “Atenas Capixaba”, Célia Ferreira, de Higner Mansur, Evandro Moreira, Solimar Soares, e tantos outros confrades, sem esquecer, é claro, da grande dama, Isaura Theodoro, me torno membro efetivo da Academia. É demais para esse coração tão fraquinho.
Na solenidade histórica, que marcou o Jubileu de Ouro da ACL, tive o prazer de ser empossado junto com a talentosíssima escritora e advogada Valquiria Rigon Volpato. E haja coração...
A comemoração do centenário de Deusdedit Baptisa, no Centro Operário, organizada pelo meu amigo e presidente da entidade José Paineiras Filho, promete ser emocionante. Sem falar na festa que os alunos da escola do Alto Coramara, que leva o nome do professor, estão preparando. A família Baptista é contagiante. Moema não me deixa mentir.
Gente, eu não mereço tanto. É sério. A todos os citados e os que não couberam neste texto, por motivo de força maior (para não falar do editor), minhas sinceras homenagens e termino os aplaudindo, como numa peça encenada por Lucimar Costa e, ou, Victor Coelho, de pé!

*Jornalista, psicanalista, membro da ACL / roneyamoraes@gmail.com