quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O ano novo e as situações problemáticas




“Sem você a vida não poderia prosseguir por uma hora sequer”, Wilhelm Reich.

Está chegando 2013. Muitos, esperançosos, esperam por mudanças mágicas apenas ao virar uma folha do calendário. É um engano pensar que simplesmente o desejo de mudança transforma o sonho em realidade. A falta também conduz ao desejo, ou a necessidade. Aí que mora o perigo.

Para a psicóloga e psicanalista, Anna Maria Amorim de Farias, “entre o que queremos conservar e mudarmos entramos em conflito e tudo ganha uma lente de aumento, e pior, na maioria das vezes extremamente distorcida”.

A continuidade faz parte do indivíduo, portanto não será a virada do ano que mudará o sujeito, e, sim, suas escolhas, historicidade e também suas crenças. Num caminho sóbrio sem mentalidades mágicas. Afinal, como Freud mesmo disse, “o caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver". E isso não acontece num instante.

Se a sabedoria humana é acumulada ao longo dos anos, por que nós mesmos temos tanto desejo assim de mudar? Mudar para quê? Para onde? Para melhor? Impossível! A menos que o indivíduo esteja em situação tão deplorável a ponto de querer se livrar das experiências e começar do zero. Vale mesmo a pena?

O psicanalista lacaniano, Jorge Forbes, sobre o ano novo, questiona: “você quer o que você deseja?“. Invariavelmente, promessas ficam só nas promessas, porque é bastante comum não se querer o que se deseja.
Então, para evitar ou superar esse conflito, que todo mundo passa, mesmo despercebido, a receita é suportar querer o que se deseja e não temer a surpresa. Que venha o ano novo, mas com moderação.

* Roney Argeu Moraes é jornalista, editor do portal folhadoes.com, psicanalista e professor.