segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Alguma coisa acontece no meu coração


“Ser cronista é viver em voz alta”, Rubem Braga.

Vi o Brasil cara a cara. O evento no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo reuniu escritores de todo o país e a oportunidade de conhecer gente bacana, poetas, contistas e cronistas do Oiapoque ao Chui foi uma experiência fantástica. Melhor ainda foi faturar o prêmio da publicação de um livro solo pela Editora Delicatta.

Cachoeirense por onde passa tem que deixar sua marca. Nas declamações (parte da programação), fui o sexto a subir ao palco. No meio de tantas poesias sapequei uma crônica. Coisa mínima, sem rodeios. O resultado é que de cada 10 escritores presentes 11 me chamaram de poeta. Quem me dera. Não sou poeta, às vezes “viajo na maionese” com minha filosofia de lanchonete e escrevo algumas histórias como esta.

O mais interessante é que a gente pensa que está “sozinho” pelo “Brasilzão” afora e, não é novidade, “nunca é”, como diz um amigo, sempre aparece um conterrâneo. Saímos de Cachoeiro na quinta-feira, fomos à casa de outro cachoeirense em Piúma e de minha irmã em Vila Velha, que, adivinhem? Acertaram... Era da terra das palmeiras destruidoras de veículos. Numa parada obrigatória, em uma livraria na região metropolitana do Espírito Santo, mais um amigo com a esposa (ambos da terra do rei).

Partimos para São Paulo. Quando disse que era de Cachoeiro de Itapemirim ninguém deu a mínima. Contudo, todavia e, entretanto... Posso ser um canalha, mas não sou trouxa, usei as armas que tinha e metralhei: “Não conhece Roberto Carlos, Rubem Braga, Carlos Imperial, Sérgio Sampaio, Jece Valadão, Luz Del Fuego? Todos são de lá.” Até o taxista achou que a terra do mármore e granito era o retiro dos artistas. “Provavelmente Adão e Eva surgiram dos resíduos das empresas de lá”, deve ter pensado.

Sem querer entrar no mérito transcendental, agora, de volta, pensando cá com meus botões... Foi realmente um momento ímpar. Todos que participaram da Antologia Delicatta VIII mereceram o prêmio, porém, foi das mãos de uma criança que o “bilhete premiado”. Eu já sabia! Disse para minha esposa que a publicação de um livro pela editora seria minha. Se não fosse, faria do mesmo jeito. A qualidade é impecável. Quis o destino que eu fosse o felizardo dentre tantos talentosos escritores que compareceram à festa.


Voltei para casa com dez livros, duas crônicas publicadas e a autorização para publicação de um livro solo pela Editora Delicatta. No aeroporto de Congonhas, mais quatro cachoeirenses. Definitivamente, e com prova empírica, Cachoeiro é a Capital Secreta do Mundo.  Neste momento, alguma coisa acontece no meu coração. Felicidade, saudade, ansiedade, sei lá. Se for colocar na balança... O único problema é que... Não tem problema e isso não me preocupa nem um pouco. Deveria?