domingo, 24 de novembro de 2013

O Rio continua lá





“Minha vida é andar por esse país pra ver se um dia descanso feliz. Guardando as recordações das terras por onde passei”, Luiz Gonzaga.

Queria começar o texto escrevendo: “viajar para o Rio e encontrar com gente querida... Não tem preço”, mas tem. Cinco pedágios, refeição... Fora a gasolina. Se meia dúzia de reacionários dão saltos duplos “carpados” de alegria ao encher os pulmões de fôlego para dizerem em alto e bom tom que a democracia liberal não tem barreiras ou muros (piores que o de Berlim) estão tomando chá de cogumelo. Só é livre para ir e vir neste país quem tem capital. Não estou dizendo que tenho, mas economizei um pouco de minhas auto explorações para ir ao Rio de Janeiro.

Já que o porquinho foi totalmente destruído... A chegada foi maravilhosa. Encontrar os primos, ir ao casamento, descansar um pouco. Foi o roteiro turístico da primeira noite. O segundo dia também reservou suas peculiaridades. Pegamos o trem de Cosmos até a Central do Brasil. Cerca de uma hora e vinte minutos. Pessoas importantes como nós devem fazer o trajeto até os camelôs de Uruguaiana. Artigos de primeira.

Nem precisava chegar ao destino final da viagem (e olha que tem indivíduos que reclamam das “distâncias” no Espírito Santo... Pobres de espírito. Só não tenho pena destes transeuntes porque estou cansado, mas amanhã terei não se preocupem...) no transporte tinha de tudo. De água mineral até seis paçocas a um real.

Um dos vendedores, aos berros, no início do vagão anunciava “chocolate Nestlé a dois reais. Na padaria é cinco!” e continuava “não é roubado, gente, mas se foi não fui eu”. Pô...Tive que comprar um. Acreditei na sinceridade do rapaz.

O cansaço dos primeiros dias não nos impediu de partir para mais uma aventura. Feira de São Cristóvão. Mais longe do que sair do BNH até Marataízes. Quem se importa? Fomos curtir um forró raiz que só o sudeste sabe fazer. Na volta, o trem não iria até o bairro onde estávamos (Cosmos), então paramos em Cascadura. Estava mole! Partimos para casa de van.

O cobrador era uma figura. Uma caricatura personificada da “malandragem carioca” no melhor dos sentidos. Mesmo lotada ele, com a cabeça de fora, gritava o nome dos locais onde o veículo passaria e berrava “vazio!”. Mal cabia a gente. Depois explicava “está chegando o natal e tenho três IPVAs para pagar. Um de sete, de cinco e outro de três”.

Corremos para pegar o trem de volta mais cedo para não enfrentarmos a torcida. Era dia de jogo. Mesmo assim, ao entrarmos em casa ligamos para a pizzaria e pedimos dois maracanãs. Dá para imaginar o tamanho.

Planejamos ir, mas a despedida é tão difícil quanto viver a dois. No fim a gente consegue. Um grande abraço aos recém-casados Eduardo e Jéssica! Na próxima vez haverá churrasco. Passo no trem e compro o refrigerante.