segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mulheres sofrem mais com dependentes



“Um codependente é uma pessoa que desenvolve relações baseadas em problemas. São relações pouco saudáveis, em todas as esferas”.

Ao levar em consideração que a família do dependente químico geralmente apresenta maior situação de vulnerabilidade e risco para o desenvolvimento de problemas de saúde é que a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por meio de pesquisa divulgada no início de dezembro, diz que as mulheres são as que mais sofrem com o impacto negativo causado pela dependência de álcool ou substâncias ilícitas. Elas representam 80% dos entrevistados e são, portanto, as responsáveis pelo tratamento dos usuários.

O levantamento, divulgado pela Agência Brasil, revela que mais da metade (57,6%) das famílias têm outro parente usuário de drogas. Os entrevistados, no entanto, avaliam que as más companhias (46,8%), a autoestima baixa (26,1%) e a ausência do pai (22,7%) foram os fatores de risco mais relevantes que levaram ao uso. Os fatores genéticos foram citados por 10,3% dos pesquisados.

Faltam políticas públicas de incentivo à prevenção. Os pais poderiam detectar se o filho faz parte de um grupo de risco e quais são os cuidados que podem ser dados precocemente. Quando se descobre o uso, os sinais já estão salientados e só se busca ajuda quando o quadro se agrava. Entre os fatores que podem ser observados, além do histórico familiar, comportamentos agressivos ou insucesso escolar.

A maior parte dos pacientes em tratamento era usuário de mais de um tipo de droga (73%), sendo mais da metade consumidora de maconha (68%) em combinação com outras substâncias. O álcool foi citado por 62%, a cocaína por 60,7% e o crack por 42,5%.

Sobre o serviço buscado pelos parentes, a internação foi citada por 21,5%, enquanto centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), unidades de referência para atendimento a dependentes químicos, foi apontado por apenas 2,6%. Metade dos entrevistados disse saber o que são os Caps. Mas, mesmo entre os que conhecem, 46% nunca procuraram os serviços.

O estudo foi feito com 3.142 famílias de dependentes químicos em tratamento. As entrevistas foram realizadas entre junho de 2012 e julho de 2013, abrangendo todas as regiões do país. As instituições investigadas foram as comunidades terapêuticas, clínicas de internação e grupos de autoajuda.

O quadro se agrava quando se instala a codependência (dependência do outro). É uma doença que deteriora a alma. Para entender um pouco mais sobre a patologia, ela acontece, geralmente, nas famílias disfuncionais, em que os pais usam seus filhos para preencher as próprias necessidades emocionais. As crianças logo aprendem que sentimentos positivos sobre elas mesmas dependem do estado de humor dos adultos à sua volta. Este tipo de relacionamento, gradativamente, vai minando a autoconfiança da criança, estabelecendo as bases para um indivíduo dependente, inseguro, "escravo" das necessidades e desejos alheios.