quarta-feira, 9 de julho de 2014

Obsessão só leva à derrota




"Nossa mente e nossa forma de pensar uma partida determinam se a real competência será materializada no desempenho ou não", Ana Maria Martins Serra.

Diante de uma situação de desafio, se o atleta pensar negativamente, a derrota, inevitável, acontece antes da luta. Essa racionalidade resulta em ansiedade e insegurança; estados emocionais que vão interferir na competência e, consequentemente, no desempenho.

E qual o fator determinante para que, diante de um desafio, um grupo pense "vou vencer" e outro grupo mentalize o contrário? São suas experiências relevantes de vida até aquele momento, especialmente suas formas habituais de explicar eventos de sucesso e fracasso.

Desenvolvemos, ao longo da vida, esquemas conscientes e inconscientes, que nos permitem processar o real. Chegamos à vida adulta com uma bagagem psíquica que pode ser trabalhada de forma a modificar a maneira como lidamos com as dificuldades.  

Sobre o inexplicável vexame internacional em solo e gramado brasileiro, não há o que dizer. Apenas que a Alemanha tem uma das melhores equipes da Copa, mas nada justifica o placar extratosférico de 7 x 1. Na verdade, a seleção e o povo brasileiro não estavam preparados psicologicamente para perder em casa. "A taça do mundo é nossa..." tem uma sonoridade inconsciente, sendo o troféu da Fifa, um arquétipo da conquista mundial.  

Para tentar digerir o resultado temos que levar em consideração as necessidades impostas aos atletas de alto nível.  Conforme nota no blog Psicologia do Esporte, "o vencedor é lembrado e valorizado pela suplantação do outro; já ao derrotado resta a vergonha pelo objetivo perdido, a confusão da incapacidade e a falta de reconhecimento pelo esforço realizado". A busca pelos melhores resultados deixou de ser superação do próprio limite para se tornar a superação do adversário.

Hoje as medalhas de prata e bronze, prêmios dedicados ao segundo e terceiro lugares, deixaram de distinções para se tornarem prêmios de consolação ou até mesmo vergonha. A dificuldade que protagonistas do mundo esportivo tem de lidar com a derrota talvez resida na posição que essa condição assumiu na cultura contemporânea ocidental.

Sabendo que essa competição obsessiva causa danos emocionais levando alguns a sérios problemas com doping, corrupção e trapaça. Vale tudo para vencer até ficar doente e  esta é a verdadeira derrota. Entretanto se faz necessária abordagem terapêutica para que os atletas e torcedores mais apaixonados lidem, no decorrer de sua vida, e de maneira saudável, com os opostos: a vitória e a temida derrota, mesmo vexatória.