"A imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança
personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao
Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em
lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas", Marx.
Enquanto o escritor Xico Sá pedia demissão da Folha de S.
Paulo, depois de ter seu artigo, em que declarava apoio a Dilma Rousseff, censurado,
cá estamos nós dissertando sobre a “imaculada” liberdade de expressão. Ela existe?
Hoje cedo recebi a notícia de mais um processo nessa minha longa carreira
opinativa. Fazer o que? Basta receber a intimação como mais uma medalha por
serviços prestados aos leitores. Um presente de grego no dia do “escrivinhador”.
Voltando ao que interessa, sem generalizações, há ainda
arautos que primam pela liberdade de opinião e de divulgação séria da notícia
sem julgamentos prévios, mas a grande maioria (pequenos e grandes jornalecos e
revistas tendenciosas) é ainda bucha de canhão com artilharia chantagista. Barata,
por sinal.
Rui Barbosa, em brilhante passagem, afirmou que “um país de
imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um país cego e um país
miasmado, um país de ideias falsas e sentimentos pervertidos, um país que,
explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram
as instituições”.
O texto do site www.pragmatismopolitico.com.br
lembra também o caso em que a psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida do Estadão,
em 2010, por escrever que “(...) pela
primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam
preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A
vem a público desqualificar a seriedade de seus votos”.
E por falar em desqualificação de votos, onde anda você...
FHC? O ex-presidente tucano não perdeu a oportunidade de ficar calado quando
disparou: “aqueles que votam no PT são menos informados”. Não pensem vocês que
só os eleitores, para FH, são burros e os aposentados são vagabundos. Para ele,
o professor brasileiro é um "coitado" que não conseguiu ser
pesquisador. Isso ele disse em 2001 e publicado, pasmem, pela Folha de S.
Paulo.
A censura é a matéria prima do capitalismo. Engano os que
acham que ela é fruto de totalitarismos escancarados. A ditadura liberal, que
não vemos a olho nu, nós sentimos mais profundamente. Dói na alma. “El paredon”
metafísico.
De certo que alguns donos de jornais tendem a tomar o partido
comercialmente mais interessante financeiramente. É o famoso “contrato de risco”.
“Apoie-me agora que te apoio depois”. No fim acontece o de sempre: lua de mel, rotina,
discussão, acerto, brigas e, por fim, divórcio.
É aí o ponto. O jornalista ou colaborador deve escolher um
lado. Se não foi contaminado no processo. Os exemplos de Xico e Maria Rita saem
das folhas para entrar para história. Dane-se a imprensa golpista!