segunda-feira, 28 de março de 2016

Outras Bienais (I)



“Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo...” Rubem Braga.


Dia desses, em conversa com amigos, nos demos conta de que a Bienal Rubem Braga comemora 10 anos em 2016. Uma década de valorização da crônica. Gênero marginalizado por uns e fundamental para outros. Aqui, em Cachoeiro de Itapemirim, esta forma textual está no lugar que ela merece, sem desmerecer as outras.

No maior evento cultural do sul do Espírito Santo, a Bienal Rubem Braga, a crônica sai do papel - jornal, livro e revista – para ir ao encontro do público na diversidade generosa que ela possui. Passeia por todos os campos do saber literário e técnico opinativo e, assim, com linguagem simples, a crônica conquista cada vez mais leitores e adeptos no município que recebeu o carinhoso apelido de “Capital Brasileira da Crônica”.

Nessa década de júbilo literário, vários foram os momentos inesquecíveis que, desde 2006, estiveram vivos na lembrança de um atento expectador. Como não esquecer a atriz Tônia Carreiro interrompendo a Banda da Polícia Militar para que o escritor de “A Sedução da Palavra”, Affonso Romano de Sant'Anna, abrisse na primeira edição, com sua fala, o evento? Calou-se!

E a tietagem de Isabel Lustosa, mestre em Ciência Política e doutora em Ciência Política pelo IUPERJ? Fez questão em conhecer a Casa dos Braga.

Em conversa com o poeta e escritor Adriano Spínola, a grandiosidade da forma, há dez anos, já era destacada. “A crônica é o gênero literário mais importante do Brasil”, disse ele.

O bate-papo continuou com a conclusão de que este gênero traz a marca de brasilidade. A capacidade de improviso, o temperamento anárquico, a carnavalização, a plasticidade intelectual do homem brasileiro, porque ele não está habituado a pensar sistematicamente, como, por exemplo, na Europa. A crônica tem uma característica diferente, ela é imediatista como nós desde o período colonial. Somos ligados às coisas imediatas. Falta-nos planejamento em longo prazo, pois atuamos diante das coisas presentes.

Fechando com chave de ouro o primeiro texto de tantas bienais, não poderia esquecer o show do grupo 14 Bis. Foi como ver o mar... Da primeira vez!