sexta-feira, 8 de abril de 2016

Outras bienais (II)


“A Bienal permitiu abordar a preservação da vida, em todos os seus aspectos e também da literatura, de sua importância para a preservação do sentimento”,  Sonia Luzia Coelho Machado.

Em 2008, a Bienal Rubem Braga se consolida. Sob a curadoria do jornalista José Carlos Dias, uma equipe foi, pela primeira vez, formada exclusivamente para cuidar dos preparativos da maior festa literária da região sul do Espírito Santo. Foi nesta edição que a Academia Brasileira de Letras (ABL) apelidou, carinhosamente, Cachoeiro de Itapemirim como a Capital Brasileira da Crônica.

Lembro com saudade e carinho especial da II Bienal Rubem Braga. Ela foi pioneira em vários aspectos. Nela houve a primeira edição temática. “A Crônica e o Meio Ambiente”.  Além da sintonia com os assuntos em pauta na mídia global, resgatou o pensamento ecológico de Rubem Braga considerado o primeiro autor que se ocupou em descrever e refletir sobre o meio ambiente da região da bacia hidrográfica do rio Itapemirim.

Momentos de muita emoção fizeram desta II Bienal inesquecível. No ano anterior um cachoeirense foi destaque na 50ª edição do Prêmio Jabuti, a mais tradicional premiação literária do país. Com a obra "Rubem Braga – um cigano fazendeiro do ar", Marco Antonio de Carvalho obteve o primeiro lugar na categoria "Biografia". Mas, faleceu em junho de 2007, às vésperas do lançamento do livro.

Ele dedicou os últimos 12 anos de sua vida na organização da biografia. Inclusive, enviou o manuscrito para amigos. Recebi o meu com o título “Rubem Braga – nem Deus, nem Marx”. A editora achou melhor vender um fazendeiro de apartamento do que um revolucionário sem bandeiras. Coisas do capitalismo selvagem.

O lançamento aconteceu em dezembro de 2007, em Cachoeiro, reunindo leitores, amigos e familiares do autor e de Rubem Braga. Para marcar a data, amigos e leitores do escritor cachoeirense fizeram uma homenagem no auditório do Shopping Cachoeiro. O evento cultural, organizado por Higner Mansur e Claudia Sabadini, foi uma prévia das emoções que trariam a Bienal Rubem Braga no ano seguinte.

Em meio a tanta gente bacana, durante a II Bienal em 2008, Zuenir Ventura, Antonio Carlos Sechim, Ziraldo, Bernadete Lyra, Ana Maria Machado, entre outros... Destaco a participação da então secretária municipal de Educação de Cachoeiro de Itapemirim, a saudosa professora Sonia Luzia Coelho Machado.

Um evento paralelo, intitulado “Ambientes do Braga”, que aconteceu no Pavilhão de Eventos da Ilha da Luz, nos dias 11 e 12 de junho de 2008, reuniu um número expressivo de pessoas. Professores e alunos da rede municipal de ensino, em sua maioria, atraídos pelo propósito de refletir e discutir sobre temas relacionados ao meio ambiente.

Sonia Coelho em suas palavras na abertura, disse que o evento reuniu duas vertentes ao tratar o meio ambiente, assunto muito discutido atualmente e que permitiu abordar a preservação da vida, em todos os seus aspectos e também da literatura, de sua importância para a preservação do sentimento.


Este sentimento de afeto continua vivo e a cada edição da Bienal Rubem Braga é relembrado com carinho.