“A amizade é um amor que nunca morre” , Mário Quintana.
Quantos amigos, de verdade, você tem? Posso dizer,
categoricamente, que os que eu tenho conto nos dedos da mão esquerda. Quatro é
um número bom. Talvez seis. No máximo sete e meio (como diz um dos que estão
entre eles: “quatro ou sete”). Porque há aqueles colegas que às vezes se
superam e conseguem, por um instante, chegar ao status de “amigo”. Inclusive
podem ser promovidos. Mas isso é mais raro do que a passagem do cometa Halley.
Acontece a cada setenta e seis anos, aproximadamente.
Estou falando de amigos mesmo. Pessoas que se importam
com você. Não te julgam e estão prontos para te dar amparo a qualquer hora do
dia ou da noite. Escutam. Isso é raro. E não se espante se fizer as contas e
descobrir que no meio de tantos tiver apenas um com estas características.
Você, meu amigo ou minha amiga (posso te chamar assim?), é uma pessoa de sorte.
Numa época em que a competição, o individualismo, a
intolerância, a corrupção e a inveja são, muitas vezes, consideradas
características de sujeitos bem sucedidos... É na amizade que recorremos aos
mais belos dos afetos: o companheirismo, respeito, admiração o bem estar
recíproco e por aí vai...
No texto “Amizade é um amor que nunca morre”, do RGPsicanálise,
encontrei uma passagem que despertou minha atenção:
“Mergulhar numa amizade implica em abertura para o outro, a possibilidade de se deixar invadir pela troca, sem que isso atrapalhe nossa subjetividade. A amizade consente a busca das diferenças, aperfeiçoa nossas particularidades, espera de nós o insólito a cada contato, mesmo já conhecendo cada atitude um do outro”.
Pois bem, não é fácil ter amigos. Porque, ao contrário do
que muitos imaginam, a gente não escolhe. O sentimento de bem querer nasce da
relação antes estabelecida por critérios de convivência. Irmãos por afeição. E
tanto parente como amizade verdadeira a gente não escolhe. Nasce naturalmente.
Uma vez atendi um caso em que o paciente disse que
terminaria o namoro para preservar a relação. É um paradoxo. Mas interessante!
Que só a acontece com quem tem uma compreensão, mesmo inconsciente, da
importância da amizade. De, não importar
como, estar com o outro.
Escrevi esta pequena crônica porque hoje é um dia
especial. Há alguns anos conheci uma amiga que tenho orgulho em dizer
publicamente que, quando conto nos dedos, é uma das primeiras imagens que vêm de pronto na minha mente.
Acho Freud estava certo quando disse que;
“existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente”.
Ediglaubia Pereira Severiano esta crônica é para você.
Quis o destino que não fôssemos irmãos por parentesco, contudo, isso não foi
suficiente. É de nossa natureza driblar as barreiras, como você diz: “nos
viramos nos trinta”, e, por afinidade, somos sim. E ponto final.
Feliz aniversário!